terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

"True Detective" e a pior chefe de polícia da história

 

Jodie Foster faz o papel de chefe de polícia em vilarejo do Alaska

Jodie Foster, aos 61 anos, estrela a quarta temporada de "True Detective". Ela é a chefe de polícia de Ennis, uma cidade gelada e esquecida do mundo no invernal Alaska. Jodie Foster é também a pior chefe de polícia da história do cinema. Pode ser que tenha alguém tão ruim quanto ela, mas superá-la vai ser difícil. 

"True Detective" começou bem na primeira temporada com Mattew McConaughey e Woody Harrelson, no papel dos detetives, encarregados de descobrir um assassino em série que agia no estado de Louisiana (EUA). A história tinha um lapso de tempo de 17 anos, com os dois detetives voltando a se reencontrar para encontrar o criminoso.

A história segurava o público, com as atuações irrepreensíveis de Mattew McConaughey e Woody Harrelson. Havia a obsessão dos dois policiais em encontrar o assassino, as horas e horas dedicadas à investigação, o estudo das fotos das vítimas, a revisão dos inquéritos. Eles eram incansáveis e as cenas insistiam em mostrá-los dentro de uma viatura policial, percorrendo os campos desolados da Louisiana. Era um trabalho cansativo e infatigável. 

Se "True Detective" começou bem, esta última temporada - a quarta - tem tantos absurdos e bobagens que é até difícil elencar qual é o pior momento. Jodie Foster passou a vida no show business. Tem 58 anos de carreira. Nos filmes que protagoniza, ela é atacada ou ameaçada por homens. É uma especialidade. Foi assim em "Taxi Driver", "Silêncio dos Inocentes", "O quarto do pânico", "Acusados". Neste último filme, por sinal, ela é estuprada por vários homens em um bar. 

Nesta série "True Detective", Foster gosta de homens e tem até um caso tórrido com um coroa fora de forma. Como chefe de polícia, ela age sempre ao arrepio da lei, como diria um promotor de Justiça.

Imagine o seguinte: você é um policial e vê o seu colega de farda assassinar um homicida. O seu colega não quis saber de levar o suspeito preso, de acusá-lo formalmente, enfim, agir de acordo com aquele profissional que atua dentro do rigor da lei. O colega matou e você - pior ainda - queria ter tido a primazia da execução. Parece que a gente está em um morro carioca, ocupado pelo tráfico, mas não é. A história se passa nos Estados Unidos.

Em outro momento, um agente corrupto é assassinado dentro da sua casa e, ao invés de você chamar a Corregedoria, de registrar a ocorrência, de atuar dentro do limite legal; não, você manda limpar a cena do crime e sumir com o corpo do policial corrupto. É uma bagunça essa delegacia do Alaska.

A pior parte da trama são as cenas de "terror". Vários personagens veem gente morta, conversam com as almas perdidas, ouvem chamados do além. As cenas tentam provocar medo nos assinantes. Múmias descabeladas aparecem do nada e gritam: Uiiiiii. No Alaska, quase todo mundo tem uma alma perdida de estimação. Essas almas perdidas não têm qualquer função dentro da história. Servem apenas para sugerir que estamos vendo algo do gênero terror. 

Felizmente, uma personagem muito chata, bem irritante, tira a roupa e vai se escafeder no gelo, nos livrando da sua presença insuportável. A gente não deveria, mas fica feliz em ver que ela morreu congelada. 

A policial, vivida por Jodie Foster, comete outros descaminhos. O pior deles é ser testemunha de uma confissão de crime, cometido contra oito pessoas. Ficar sabendo dos detalhes da execução. Ouvir tudo atentamente e - simplesmente - deixar pra lá. Vam'bora que a luta continua. Um acinte. 

Esta quarta temporada poderia ter sido mais eficaz ao dar o seu recado. A história central fala de uma mina subterrânea que tem causado sérios danos ao meio ambiente e prejudicado a vida dos locais. É a mesma história da mina do Córrego do Feijão, da Vale do Rio Doce, que teve rompimento de uma barragem e soterrou e matou 272 pessoas. As mineradoras oferecem emprego a quem mora na localidade, mas a destruição ambiental é catastrófica. Em Ennis, a cidade fictícia onde Jodie Foster é chefe de polícia, a mina é altamente poluidora e transformou a água da cidade em lama preta. Nascem crianças mortas e muitos adoecem de câncer. 

Ou seja, tem história a ser contada. Mas os roteiristas decidiram criar um carnaval de múmias, espíritos perdidos, que fazem com que o assinante perca a paciência. Sem falar nos autóctones, que a gente chamava antigamente de "esquimós", retratados de uma maneira grotesca, com costumes pouco compreensíveis (por que cargas d'água os locais precisam pintar traços pretos debaixo do queixo?, por que isso é tão importante?). 

Um péssimo programa esta quarta temporada de "True Detetctive", em exibição pelo canal de assinatura HBO Max.  

Em inglês:


Jodie Foster, at 61 years old, stars in the fourth season of "True Detective." She plays the police chief of Ennis, a cold and forgotten town in the wintry Alaska. Jodie Foster is also the worst police chief in film history. There may be someone as bad as her, but surpassing her will be difficult.

"True Detective" began strong in its first season with Matthew McConaughey and Woody Harrelson, playing detectives tasked with uncovering a serial killer in the state of Louisiana (USA). The story spanned 17 years, with the two detectives reconnecting to find the criminal.

The story kept the audience engaged, thanks to the impeccable performances of Matthew McConaughey and Woody Harrelson. There was the obsession of the two officers to find the killer, the countless hours spent investigating, studying the victims' photos, reviewing the reports. They were tireless, and the scenes insisted on showing them inside a police car, driving through the desolate fields of Louisiana. It was a tiring and relentless job.

While "True Detective" started well, this latest season — the fourth — has so many absurdities and nonsense that it's hard to pick the worst moment. Jodie Foster has spent her life in show business. She has 58 years of career. In the movies she stars in, she is attacked or threatened by men. It’s a specialty. It was like this in "Taxi Driver," "The Silence of the Lambs," "Panic Room," and "The Accused." In the latter, she is raped by several men in a bar.

In this "True Detective" series, Foster likes men and even has a torrid affair with an out-of-shape older man. As the police chief, she constantly acts against the law, as a prosecutor would say.

Imagine this: you’re a police officer and see your colleague in uniform murder a murderer. Your colleague didn’t care about arresting the suspect, formally accusing him, or acting according to the professional standards of the law. The colleague killed him, and you — worse still — wished you had been the one to execute him. It feels like we're in a Rio de Janeiro slum controlled by the drug trade, but it’s not. The story takes place in the United States.

At another point, a corrupt agent is killed in his home, and instead of calling Internal Affairs, filing a report, or acting within the legal limits, you order the crime scene to be cleaned and the corrupt cop’s body disposed of. It's a mess in that Alaskan police station.

The worst part of the plot is the "horror" scenes. Several characters see dead people, talk to lost souls, and hear calls from beyond. The scenes try to provoke fear in the viewers. Messy, disheveled mummies appear out of nowhere and scream, "Uiiiiii." In Alaska, almost everyone has a lost soul as a pet. These lost souls serve no purpose in the story. They only suggest that we are witnessing something of the horror genre.

Fortunately, a very annoying character, quite irritating, takes her clothes off and heads out into the ice, freeing us from her unbearable presence. We shouldn’t, but we’re relieved to see her freeze to death.

The police officer, played by Jodie Foster, commits other missteps. The worst of them is witnessing a confession of a crime committed against eight people. She learns the details of the execution, listens carefully to everything, and — simply — lets it go. Let's move on, the struggle continues. A slap in the face.

This fourth season could have been more effective in delivering its message. The central story revolves around an underground mine that has caused serious environmental damage and harmed the locals’ lives. It's the same story as the Córrego do Feijão mine disaster, with Vale do Rio Doce, where a dam collapse buried and killed 272 people. The mining companies offer jobs to people in the area, but the environmental destruction is catastrophic. In Ennis, the fictional town where Jodie Foster is the police chief, the mine is highly polluting and has turned the town's water into black sludge. Dead babies are born, and many people fall ill with cancer.

In other words, there’s a story to be told. But the writers chose to create a carnival of mummies and lost spirits that make the viewer lose patience. Not to mention the indigenous people, once called "Eskimos," depicted in a grotesque manner, with incomprehensible customs (why do the locals need to paint black lines under their chins? Why is this so important?).

A terrible program, this fourth season of "True Detective," airing on the HBO Max subscription channel.      

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