Quando falta energia, onde moro, mando uma mensagem pelo aplicativo WhatsApp para a empresa concessionária. No meu caso, é a CPFL. Por algum motivo que desconheço, a CPFL goza da minha intimidade. A empresa me trata como se fosse seu maior compadre, amigão do peito. Não tenho qualquer relação sentimental com a CPFL, mesmo porque não gosto muito dela. Volta e meia, me deixa no escuro. Não posso nem ficar a ver navios, porque é um breu só.
Mando a mensagem para ela e a empresa responde: "Não se preocupe, já tô registrando essa informação aqui". "Já tô", assim mesmo, como se fosse uma adolescente, vivendo longe da língua culta.
Mais adiante, ela diz: "Brigada pela confirmação! Tchau".
Como é isso: "Brigada", "tchau"...?
"Tô te mandando mensagem, porque você abriu uma solicitação com a gente..."
Não sei quem foi o "gênio" que decidiu estabelecer essa comunicação íntima e forçada comigo. Não sou íntimo da CPFL, nem quero ser. Essa proximidade grudenta entre uma empresa concessionária e o cliente, não é exclusividade da CPFL.
A Sky também tem formas de tratamento informais. O robô que atende a ligação faz de conta que está procurando os nossos dados. A gente ouve um barulinho de digitação e a atendente robotizada procura nos deixar à vontade, enquanto enumera nossas necessidades.
Na prática, as empresas prestadoras de serviço não querem mais falar com a gente. Eles desistiram de nos atender. Meses atrás, a Sky mudou seus produtos. Para saber qual pacote eu costumava assinar e qual seria o nome dele, agora rebatizado, demorei quase duas horas. Foram necessários cerca de 120 minutos para conseguir ser atendido por um ser humano, que me deu a informação, que eu necessitava, em menos de 30 segundos.
O robô que nos atende é meio burrinho. Ele tem aquele leque de possibilidades e não abre mão. Por mais que você insista que precisa falar com um atendente, ele se recusa. Para a empresa, deve ser lucrativo deixar você pendurado no celular, tentando obter a informação que necessita.
A CPFL é interessante, um caso à parte, porque ela me manda uma mensagem, solicitando que devo entrar no aplicativo. Imagine você no escuro, sem nem um kilowatt em casa, e a empresa que lhe fornece a energia (ou que deveria fornecê-la) pede para você usar o aplicativo.
Como CFPL? Como posso entrar no aplicativo sem internet? Estou sem sinal, meu celular está morto. É possível entender isso ou a gente tem de desenhar?
O pior é quando você está sem luz, ou deu problema no sinal da Claro, ou da Sky, da Vivo, ou do raio que o parta, e você entra em contato com a operadora, com a concessionária, consegue ser atendido por um ser humano e em seguida eles pedem para você avaliar o atendimento. O diálogo que se segue é sempre o mesmo:
- O senhor poderia avaliar o meu atendimento?
- Olha, estou sem luz aqui em casa e minha avaliação vai ser a pior possível.
- Não. Não é da falta de luz. É do meu atendimento.
- Mas estou sem luz, então, não quero avaliar uma empresa que me deixa no escuro.
Quando a avaliação é feita pelo WhatsApp e você dá nota 1, de péssimo, o robô escreve:
"Sinto muito pela sua insatisfação, para que possamos melhorar o nosso atendimento, comente sua avaliação:"
Aí, você escreve: "Falta crônica e interminável de energia".
Ela agradece. Pede para você baixar o aplicativo (mesmo sem internet) e encerra a conversa: "Tchau, até a próxima". E acrescenta uma carinha (emoji) feliz, sorridente.
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