quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

A TV por assinatura paga dá direito a assistir comerciais


 TV por assinatura é um luxo. Não é qualquer um que pode ter. O consumidor compra um pacote. Paga lá seus 140 reais por mês e tem direito a ter na sua sala cento e tantos canais. Tem canal esportivo. Tem canal que só passa filme. Tem canal que só passa publicidade. Tem canal que passa partidas de futebol. "É luxo só", como dizia minha mãezinha.

Você fica com o controle remoto na mão se sentindo o rei da cocada preta e da outra cocada também (pessoalmente, sou alérgico a coco; se comer uma fatia morro em segundos). Passa de um canal para o outro. É aquele esporte chamado de "zapping". Você "zappeia" à vontade. Começa a ver um filme, não gosta e pula para o outro que está na metade, mas parece melhor que o anterior. 

Na hora que o gladiador vai cortar a cabeça de alguém, aparece um sujeito vendendo um celular. Você está mergulhado na Roma antiga, com todos aqueles cavalos, os gladiadores, os escravos, escudos, lanças e espadas, César ali na plateia... Tudo desaparece. Fica só o sujeito vendendo celular. 

Você desiste do gladiador e encontra um jogo. Quem será que está em campo? Os jogadores são desconhecidos. A bola é maltratada de forma vil e pouco cavalheiresca. Quem está jogando, Cristo rei? É Austin contra Dallas... Liga norte-americana. Sem querer ser pretensioso, mas a Série B do Brasileirão goleia esse pessoal. Por mais boa vontade que se tenha, não dá para ver Austin contra Dallas. 

E dá-lhe "zapping"... Aparece agora beisebol... Beisebol??? No outro canal, aquele "futebol americano" que é jogado com as mãos e só tem uma única jogada.

Nova "zappeada"... O filme parece interessante. A personagem principal trabalha no atendimento da polícia de emergência. As pessoas discam "911" e ela fala: "Polícia emergência. Como posso ajudar?"  Tem uma adolescente em perigo. Está sozinha em casa e teve o lar invadido por um estranho. A atendente sugere que ela se esconda debaixo da cama. Ela faz isso. Só que o bandido a encontra e...

Entrou um comercial. É estranho, mas é uma propaganda do próprio canal. Os donos do canal querem que eu assista a esse filme. Gente, falo para as paredes, eu já estou vendo o filme, já estou assistindo o canal de vocês. Seria possível me devolver a moça que trabalha no serviço de emergência da polícia, para eu saber se o bandido foi preso e se a adolescente conseguiu fugir?

Novo "zapping". É o "Homem Aranha". São vários filmes sobre o "Homem Aranha". E toda semana eles passam um para você não se esquecer dele. Passam também do "Super-Homem" e do "Batman". Acho que, se forem somadas as reprises, desses três super-heróis em quilometragem de horas, a gente conseguiria ir até Plutão. Dar uma volta longa pelo fim do espaço sideral e voltar a tempo para mais uma reprise de "Homem Aranha" na cabeça.

O "Homem Aranha" está de ponta cabeça. Mary Jane vai beijá-lo na boca e... Entra um novo comercial. Você é ágil e pula fora. Não quer ver aquela propaganda surrada de objetos que nunca vai comprar na vida. 

Tentando retornar às origens, aquele mundo conhecido, que você apreciava tanto, você faz o "zapping" do retorno. Maneja seu controle para o passado. Só que aquele mundo não existe mais. 

O gladiador sumiu. Foi substituído por "Rambo", veja você. A atendente da polícia virou um filme sobre bombeiros. Mas, pelo menos, Austin contra Dalas continua ainda positivo operante. Deve ser um daqueles jogos que não terminam nunca. Em moto perpétuo. Para fazer qualquer apaixonado por futebol desistir do esporte. 

Nesse momento de pouca glória e baixa autoestima, você percebe que foi enganado, que aquele "luxo" que lhe custou cento e tantos reais, que tanto pesaram no seu bolso, na realidade, é apenas uma promessa de prazer, transformada em ônus. Você sente que é um trouxa. Você paga para assistir comerciais. 

Em que momento isso ocorreu? Quem permitiu que isso ocorresse? Como o consumidor pode ser tão enganado e ninguém dar a mínima importância para isso? 

Ainda não tenho resposta para tantas e tão motivadoras questões. Encontrei essa petição pública, perpetrada por alguém que pensa exatamente como eu. Não sei qual é a idade desse documento. Se faz anos que está na internet, mas vou assinar e passar pra frente. Quem sabe a gente derrota o sistema, como ingenuamente pensávamos em 1968. 

Apoie este Abaixo-Assinado. Assine e divulgue. O seu apoio é muito importante.

Abaixo-assinado Pagamos por TV por assinatura para ver programação e não propagandas.

https://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=TV2012



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