O repórter fotográfico Silvestre Silva lançou nesta semana seu mais recente livro: "Contos e Recantos do Brasil - relatos de um fotógrafo aventureiro por um Brasil cheio de histórias incríveis".
Antes da pandemia, antes do isolamento, a gente estava sentado em um café no Shopping Frei Caneca, jogando conversa fora, quando o Silvestre pegou um calhamaço de folhas impressas e me disse que tinha escrito aquilo tudo.
"Veja o que você acha. Não sei se daria um livro."
Ali no café mesmo, comecei a ler e a me divertir. Eram contos. Eram relatos de paisagens. Eram registros de memória afetiva. Era tudo muito gostoso de se ler.
Levei para casa e, naquela mesma noite, completei a leitura. Liguei para ele e disse que não tinha lido um livro apenas, mas o provável vencedor do Prêmio Jabuti, o mais importante da Literatura nacional.
A gente se reuniu outras vezes. Jogamos conversa fora, é claro, mas também falamos sobre o livro, ainda inédito, ainda um monte de folhas soltas.
Havia uma dúvida no ar: seria melhor separar apenas os contos e deixar os recantos para uma outra publicação? Ou seria melhor publicar tudo de uma vez, contos e recantos irmanados?
A opção recaiu sobre a segunda alternativa. Faltava dar um nome para a obra e "Contos e Recantos do Brasil" se ajustou como uma luva.
Assim, fiquei, emocionalmente, envolvido com a obra. Por isso, sinto esta quase realização autoral de estar com o livro aqui na minha frente. A capa reúne fotos de frutas, árvores, jangadas. Tudo muito colorido, chamativo. Aí, a gente vira a capa e topa com o Sumário e começa a se lembrar de como foi prazeroso saber do "anão do casamento", da história inacreditável do Engenho Quelfes, ficamos sabendo da saga cinematográfica de um coronel amazônico, que daria uma série inesquecível da Netflix.
Em "Palavra cumprida", tomamos conhecimento de uma promoção da Toddy, de 1938, que dava 130 peças de porcelana para quem juntasse 300 rótulos do achocolatado. Cidinha, a protagonista da história, ia se casar e precisava do jogo de pratos made in England. Correu atrás. Investiu. Conseguiu os 300 rótulos. Enviou para a empresa, mas - tragédia - começou a 2ª Guerra Mundial. A Toddy suspendeu todas as promoções. Pobre, Cidinha. Justo na hora que ela ia se casar...Mas não terminou ainda. Você nem pode imaginar o que vem depois.
O conto que eu mais gosto deste livro chama-se "Domingueiras do Tricolor". Animado pelo maestro Pica Pau e sua banda, o boteco que ficava na Praia do Forte, em Pau Amarelo, vivia seu auge lá pelos idos de 1970. Acontecia de tudo ali no Tricolor, até casamento. Mas, mesmo estando, praticamente, dentro da praia, homem de sunga e mulher de biquíni não eram admitidos. Era um bar de respeito.
Tem caju, tem umbu, tem coco babaçu, carnaúba, jangada e andorinhas. Silvestre nos pega pela mão e nos leva pelo bairro do Pari, em São Paulo. No salto seguinte, estamos no Raso da Catarina. Mais adiante, chegamos no Amapá. Lá vamos nós para Piedade do Paraopeba, Minas Gerais, em plena procissão da Semana Santa...Em outro momento, aparecemos na Praça do Ferreira, em Fortaleza. Um leitor generoso está com o jornal na mão e lê as notícias para os ouvintes. Eles estão atentos, mas não se contém, quando o fato causa irritação. Começam os comentários. Vira polêmica. Até que, o leitor do jornal, o arauto das boas e más notícias, pede para a multidão: "Posso continuar?". Assim, ficamos sabendo que a Praça do Ferreira era também a praça do "Posso continuar..."
Encontramos histórias inéditas, quase surreais. Imagine uma expedição nazista, em território brasileiro? Não acredita? Pois é, tem uma cruz com três metros de altura e dois de largura, feita da resistente madeira acapu, onde se lê que ali, no Jari, está enterrado o chefe da expedição nazista. Tem até suástica.
Nessa viagem saborosa, vamos estacionar nossa sede de aventuras em Quipapá, onde - creia ou não - havia uma loja 24 horas, nas mais longínquas priscas eras. Mais do que isso, naquela pequena cidade da zona da mata de Pernambuco, tem uma rua chamada Correa. Você sabe quem foi o Correa? Nem queira saber...
Parabéns à Editora Europa pela iniciativa. E você, Silvestre, pode começar a comemorar. Vai levar o Jabuti de contos deste ano. Não tem pra ninguém.
Serviço: Quem quiser encomendar o livro, tem o site da Editora Europa www.europanet.com.br. Telefone (11) 3038-5050 Whatsapp (11) 95-186-4134. E também está disponível na Amazon.
Boa leitura...
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