quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Enel abandona seus clientes no escuro

A empresa italiana Enel comprou a Eletropaulo

13 de fevereiro: 11h30. Sala de Audiência de Conciliação. Personagens: o reclamante (eu), a advogada da reclamada (Enel) e a juíza. 
Por que estou nesta sala?
Em 2018, caiu um galho sobre a fiação elétrica da rua onde moro. Minha casa tornou-se uma usina de voltagem enlouquecida. As lâmpadas explodiam. Os fios esquentavam e o meu computador derreteu.
Pedi ressarcimento à Eletropaulo, que não quis pagar o prejuízo. Por isso, entrei com um processo contra a empresa. Em junho do ano passado, a Eletropaulo foi vendida à Enel.

Agora, estamos ali na sala de audiência. A juíza pergunta à advogada da Enel se ela tinha alguma oferta a ser feita, se iria ressarcir meu prejuízo. A advogada diz que não e se cala. O processo vai seguir, sabe Deus até quando. Vamos todos ser intimados novamente. O Processo, de Kafka, sorri para mim.

Depois de um ano, a Justiça não foi feita. Não recuperei o dinheiro gasto por incompetência da concessionária de energia. O pior: descobri que a Enel consegue ser pior que a Eletropaulo.  A Enel é uma colecionadora de falhas, de interrupções e presta um serviço precário e incompetente à população.

Leia alguns relatos que peguei aleatoriamente na rede social:

"Quem pode nos ajudar? Às 13h, chegaremos ao terceiro dia sem energia. A resposta da Enel é que estão trabalhando para restabelecer. O problema é local. Trata-se de um disjuntor de poste. Serviço rápido e fácil. Temos cinco protocolos abertos, mas sem efeito, por enquanto".

"Minha mãe mora no quilômetro 28 da Raposo Tavares e está há três dias sem luz. Sem resposta e sem atenção alguma. Não sabemos mais o que fazer".

"Ficamos 18 horas sem energia."

"Fiquei sem energia desde segunda-feira. Descobrimos que a Enel apaga os protocolos do dia. Um descaso total. Entraremos com processo".

"Gente, está ficando ridículo essa nova empresa Enel, que comprou a Eletropaulo. Além da falta constante de energia, que já virou ortina, me encontro hoje há três dia sem luz e sem previsão de retorno".

"É revoltante pagar uma fortuna e se deparar com uma situação dessas".

"Devo ter uns 20 protocolos de reclamação. Toda hora é uma previsão diferente para a normalização da energia. E agora nem previsão de restabelecer a luz eles têm mais".

"É degradante. Estamos largados às traças. Não tem nenhuma autoridade para cobrá-los ou puni-los. A nossa comida estragada na geladeira é o prejuízo só nosso. Pessoas com medicamentos caros, que dependem da geladeira para mantê-los...É lamentável".

"Parte do Distrito de Utinga sem energia elétrica há 24 horas..."

O que diz o governador João Doria a respeito? O que o secretário de Energia do governo do Estado, Marcos Penido, tem a dizer? Por que cargas d´água ninguém cobra Doria e Penido? 

Com a palavra, os batedores de panela...

    
  

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Nem tão ruim, nem extraordinário, Green Book segue a cartilha

Viggo Mortensen e Mahershala Ali são os protagonistas de Green Book
Li artigos demolidores sobre o filme ganhador do Oscar, Green Book. São críticas que buscam muito mais chamar a atenção do leitor para o texto (e indiretamente para seu autor) do que, propriamente, fazer uma análise imparcial do filme. Um crítico qualificou Green Book como "o pior ganhador do Oscar". A maioria foi nessa linha destemperada.

Quem fizer uma análise equilibrada dos ganhadores do Oscar vai entender que estava na cara que o filme iria levar a estatueta. A academia de Hollywood não gosta de surpresas. Costuma seguir a cartilha convencional. Se Conduzindo Miss Daisy ganhou o Oscar em 1990, era mais do que normal que Green Book (um Miss Daisy com o farol invertido) fosse o ganhador. 

Dirigido por Peter Farrely e protagonizado por Viggo Mortensen e Mahershala Ali, Green Book conta a história de um pianista negro que contrata um motorista italianão para conduzi-lo Estados Unidos afora, durante uma turnê. 

Em Conduzindo Miss Daisy, uma senhora tradicional tinha como motorista um negro (o excepcional Morgan Freeman). Como se vê, o roteiro de Green Book fez um 69 com os personagens. 

Green Book está longe de ser um filme chato, que a gente não tem paciência de assistir até o filme, como é o caso de Roma, do mexicano Alfonso Cuarón. 

A direção de Peter Farrely é impecável. A gente nem lembra que Viggo Mortensen é o Aragorn de Senhor dos Anéis. Ele parece mesmo um italianão grosseiro, disposto a encher de porrada alguém que lhe chame de carcamano. 

Mahershala Ali, que se destacou em House of Cards como um consultor arrivista, vai bem na pele do pianista excêntrico, que viaja no banco traseiro do cadilac, com as pernas cobertas por um cobertozinho protetor. 

A reconstituição de época (o filme se passa em 1962) é detalhista, rigorosa e cede até espaço para um merchant sutil do KFC. Nada grosseiro e varejão ao estilo Milton Merchant Neves.

Ao longo dessa vida de filmes e estatuetas, já vi muito abacaxi levando prêmio. Entre Dois Amores, vencedor em 1986, é talvez um dos filmes mais chatos e arrastados que tive o desprazer de assistir, em uma época que estava no papel de crítico de cinema. 

Nesse tempo, passava as tardes em salas escuras, assistindo filme atrás de filme. Era estranho: quando saía da sala, topava com a luminosidade da vida lá fora. Um choque de realidade.

O musical Chicago, ganhador em 2003, também me traz recordações de muita dor e sofrimento. Sabe aquela hora que você não tem mais posição na poltrona do cinema? As pernas doem. Não consegue mais cruzá-las e descruzá-las. O corpo começa a formigar. Os olhos começam a se fechar contra a sua vontade...

Argo, premiado em 2013, dirigido e interpretado por Ben Affleck, é o mais Sessão da Tarde dos ganhadores da geração millennial. Mas nada se compara ao chatíssimo, interminável e claustrofóbico A Forma da Água, que levou a estatueta no ano passado. Este último, felizmente, não precisei assistir até o final.     






  

    

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Ainda bem que Roma não levou o Oscar de melhor filme


Sinto antipatia pelo filme Roma, escrito, dirigido e produzido pelo cineasta mexicano Alfonso Cuarón. Já sabia o que me aguardava, quando entrei na Netflix e comecei a assistir este drama sobre uma empregada doméstica de origem indígena, vivendo na casa de uma família de classe média alta, no bairro Colonia Roma, na cidade do México. 

Durante longas duas horas e 15 minutos, acompanhamos a vida de muito trabalho e poucas alegrias da doméstica Cleo, que tem uma relação de irmã mais velha com os filhos de seus patrões. É ela quem cuida das crianças, que conta histórias na hora de dormir e que os acorda de manhã. 

Na prática, Cleo é uma Escrava Isaura, que não ganha o suficiente para se manter (alugar um apartamento, comprar um carro, cursar a faculdade), assim como acontece com grande parte dos trabalhadores brasileiros, sejam eles empregados domésticos ou não.

O filme não permite ao público nenhum tipo de evasão. Tobey Maguire não entrará voando pelo janela, vestido de Homem Aranha, para salvar Cleo. Também Michael Fox e Christopher Lloyd não virão do futuro e não arrombarão a porta da casa, com seu DeLorean, para resgatá-la. Desde o início do filme, a gente pressente que o destino de Cleo será medíocre e inexorável.

Para deixar claro a que veio, o filme é em preto e branco. Remete, é claro, ao neorealismo italiano. Em 1948, Vittorio De Sica dirigiu o filme clássico dessa época - Ladrões de Bicicleta -, que era em preto e branco. Na época, o processo de colorização do celuloide ainda encarecia de maneira proibitiva as produções cinematográficas. 

Ladrões de Bicicleta se passa no pós-guerra, em Roma, quando havia milhões de desempregados nas ruas. O protagonista consegue uma colocação de pregador de cartazes. Para manter o emprego, precisa de uma bicicleta. Ele penhora a roupa de cama da família. Arruma uma bicicleta e começa a trabalhar. O veículo é roubado. Ele e o filho iniciam um desesperado perambular pelas ruas da cidade, em busca da bicicleta roubada. O filme é emocionante. Impossível não se sentir tocado pela interpretação dos atores. 

Vittorio De Sica contou certa vez que para filmar a cena final necessitava que o garoto Enzo Staiola chorasse. Sem chance. O menino não chorava. De Sica teve então uma sacada. Escondeu um pacote de cigarros no bolso do paletó do garoto e o acusou de estar fumando em segredo.

Enzo disse que os cigarros não eram dele, que não sabia como o pacote tinha ido parar em sua roupa e...começou a chorar. Sem perder tempo, De Sica ligou as câmeras, os holofotes e gravou a última sequência de Ladrões de Bicicleta. Filme memorável, inesquecível, mesmo sendo em preto e branco. 

Hoje, Enzo iria processar De Sica por assédio moral. 

Talvez a minha antipatia por Roma, de Alfonso Cuarón, seja por essa rastejante vontade de criar empatia pelo sofrimento dos menos favorecidos, dos miseráveis. 

Acontece o mesmo com os filmes de Walter Salles. Refiro-me a Central do Brasil (1998) e Linha de Passe (2008). Linha de Passe, por exemplo, é um filme sobre fracassados. Ninguém ali vai ter sucesso, ninguém conseguirá realizar seus sonhos. A família de Linha de Passe terá 113 minutos para afundar lentamente seu barquinho, submergindo todos no naufrágio previsível.

É possível criar essa mesma empatia pelo destino dos despossuídos usando a evasão, que a gente tanto procura quando vai ao cinema. Woody Allen fez isso em Rosa Púrpura do Cairo

A garçonete pobre, que sustenta o marido grosseiro e incompetente, durante a depressão de 1935, tem raros momentos de felicidade. Um deles é quando está no cinema, assistindo aos filmes B de Hollywood. Seu filme preferido é Rosa Púrpura do Cairo. Ela assiste ao filme tantas vezes, mas tantas vezes, que, em determinado momento, o personagem não aguenta mais, se volta para ela e começa a interagir com a garçonete pobre. Ela terá chance de entrar dentro do seu filme favorito e até se apaixonar pelo protagonista.

Apesar da minha torcida contra, Roma levou três Oscar: melhor direção, melhor fotografia e melhor filme estrangeiro. Com a estatueta na mão, Cuarón fez o que se esperava dele. Discursou em defesa das "70 milhões de empregadas domésticas sem direitos trabalhistas". 

A cerimônia do Oscar é uma das muitas maneiras que Hollywood encontrou para divulgar e promover a venda de seus produtos. Cuarón é uma velho conhecido da casa, tendo sido contratado pela Warner algumas vezes, levando em 2013 o Oscar de melhor direção por Gravidade.

O premiado Roma, de Cuarón, não é um desses filmes que a gente gostaria de rever, de retornar a ele. Quanto terminam as intermináveis duas horas e 15 minutos de sua duração, a gente levanta as mãos aos céus em agradecimento. Terminou. Ainda bem. Dá alívio desligar a TV e a Netflix.

Outro filme que também se chama Roma foi feito por Federico Fellini, em 1972. Este Roma eu, certamente, teria muito prazer em rever. Faz muito tempo que assisti Roma de Fellini no falecido Cine Bijou, que ficava na Praça Roosevelt, centro de São Paulo. Devo ter assistido ao filme de Fellini em 1973, há inacreditáveis 46 anos. Só o vi uma única vez e saí da sala de exibição iluminado. 

Quatro décadas e seis anos depois, lembro, perfeitamente, de várias cenas. O jovem caipira Fellini desembarcando em Roma na estação Termini. Um desfile muito louco de moda para padres, bispos e cardeais. Uma obra subterrânea (provavelmente, devia ser o metrô) encontra um tesouro arqueológico e os afrescos começam a se desfazer em contato com a modernidade. Hippies tomam banho nas fontes milenares romanas. Um congestionamento monstro em meio ao trânsito enlouquecido. A chuva de verão tombando sobre uma movimentada artéria da capital italiana. O bordel antigo com as prostitutas andando de um lado para o outro. A então esposa de Fellini aparece, chegando cansada do trabalho e tentando entrar em casa. O final antológico com as motocicletas - milhares delas - correndo livres e soltas pela Roma, cidade eterna. O filme é monumental, como Fellini o era. 
           

     

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Quando as palavras vão para o passado


Às 7h30, costumo ligar o rádio na frequência 96.9 da BandNews FM. É a hora que o âncora Ricardo Boechat faz seu editorial. Com todas as implicações e vetos que a gente sabe que existem nas grandes mídias, ele costuma usar o mesmo pau para "bater em Chico e Francisco", segundo expressão que gosta de usar. 

Talvez porque sejamos da mesma geração, talvez porque tenhamos vivido experiências semelhantes e suportado, como jornalistas, os horrores da Ditadura Militar,  quase sempre concordo com tudo que ele diz.

Sou uma pessoa introvertida. Não me dou bem diante de um microfone, nem de uma câmera. Por isso, quando Boechat está fazendo seu editorial matutino, é como se fosse ele a minha voz. Gosto do jeito sincero dele. Gosto da pouca paciência que ele tem ao se defrontar com uma declaração descabida ou incompreensível. 

Outro dia, ele confessou que não gosta de escrever. Sente muita dificuldade em produzir textos. Demora muito, por exemplo, para produzir um prefácio. Mas essa dificuldade com a palavra escrita é compensada pela tranquilidade diante da câmera e do microfone. As palavras lhe vêm, normalmente, sem que ele precise se esforçar para isso. É um dom. Um talento natural, que ele explora de maneira inteligente e didática.

Agora, esse texto, escrito no presente, precisa mudar sua temporalidade. As palavras devem ir para o passado. "Gostava do jeito sincero dele", "gostava da pouca paciência"...E isso me causa uma tristeza imensa.

Eram 12h10, quando um ouvinte informou sobre um acidente de helicóptero, que havia ocorrido próximo do Rodoanel. Como uso com frequência essa rodovia, fiquei atento ao desenrolar do noticiário. A aeronave havia caído próximo ao km 7 da Anhanguera. Duas vítimas fatais eram confirmadas...

Entre 1977 e 2005, trabalhei em jornais e revistas. Cobri debates, posses históricas, discursos memoráveis, mas, infelizmente, nunca cheguei a cruzar com Boechat. Não tenho uma história, uma curiosidade para contar sobre ele. Houve apenas e-mails que troquei com ele, sugerindo determinadas coberturas de eventos. Sempre me respondia, como devia fazer com todos os ouvintes que se comunicavam com ele. 

Era seu ouvinte, há pelo menos uns 10 anos. Acredito que, desde 2008/2009, sintonizava a BandNews FM para ouvi-lo. Gostava da forma como ele transformava o rigor jornalístico em algo coloquial e próximo do mortal comum. 

Em suas férias, ao ligar o rádio, sentia falta dele. A manhã não começava bem. A emissora compensava a falta de seu principal âncora, trazendo convidados. Não funcionava. Ele parecia personificar a rádio. 

Certa vez, fui agredido, durante uma cobertura. Foi bem no início da profissão. Era um foca, em busca de holofote. Quando entrei no jornal, o diretor de Redação me deu uma dura: "Jornalista traz a notícia. Jornalista não é a notícia". 

Essa lição guardei comigo até o último dia em que frequentei uma Redação. Hoje, sinto a boca amarga ao me defrontar com a notícia de um jornalista virando notícia da pior maneira possível. 

Leio os textos de colegas de emissoras rivais e a gente percebe que Boechat era uma unanimidade. Respeitado, elogiado, repórter até a medula, ele vivia a profissão intensamente. Era contagiante. 

No meio do noticiário, entre as mensagens de pesar que chegam nos grupos que frequento, só consigo sentir uma aflição egoísta. O que vou fazer amanhã, às 7h30, na hora de ligar o rádio?    

    


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Concessionárias prestam péssimo serviço à população



Sexta-feira, 25 de janeiro. Uma descarga elétrica irrompe dentro de casa e derrete o modem. Ligo imediatamente para a Vivo. A atendente diz que um motoboy irá trazer o modem "em cinco dias úteis". Digo que não posso esperar tanto tempo, que tenho trabalhos para entregar e dependo da internet para a transmissão de dados. Ela ouve e responde: "o motoboy irá levar o modem em cinco dias úteis". A conversa acaba em bate-boca. Eu digo que preciso urgente do modem e ela, como uma máquina ranzinza, repete o bordão: "cinco dias úteis"...Nos próximos dias, a Vivo irá me ligar várias vezes ao dia. Não é uma pessoa, mas uma gravação eletrônica, afirmando que "o problema foi resolvido". Porém, "caso não tenha sido resolvido"...Como assim? Que empresa maluca é essa? Foi ou não foi resolvido? Ligo para a Vivo uma, duas, três, quatro, cinco...Várias vezes...Os atendentes prometem que um técnico irá aparecer entre 8h e 12h do dia seguinte...Terminado o prazo, sem que o técnico tenha dado as caras, ligo novamente para a Vivo. A atendente, parecendo genuinamente surpresa, "o técnico não apareceu?". Ela me pede uma nota para o atendimento...Bem, o atendimento merece nota zero, porque não fui atendido. Estou sem o modem, impedido de trabalhar. Parece uma engrenagem sem controle, ineficiente; lembra um carro desgovernado, sob o comando de um motorista que acabou de ter um enfarte fulminante. À noite, durante o jantar, fico ruminando, como é complicado para o cidadão comum ser refém desse tipo de gente.    Na segunda-feira cedo, ligo para um amigo e ele me traz um modem reserva, instala o equipamento e faz a configuração. A internet passa a funcionar normalmente.E a Vivo? Quando menos se espera, na quarta-feira, aparece o técnico bonachão e instala o modem. Com a Eletropaulo foi pior. Em 2018, caiu um galho sobre a fiação e a energia enviada para dentro de casa era de 220 volts. Você acendia a lâmpada e ela ficava mais clara que o sol até explodir. Uma correria para desligar tudo que podia estar na tomada. A espera pela equipe de reparação levou 28 horas. Quando a energia foi restabelecida, descobri que o computador estava queimado. Entrei com pedido de indenização. A Eletropaulo negou-se a pagar. O caso foi parar no tribunal de pequenas causas. Dia 13 de fevereiro próximo, temos audiência. Um ano e lá vai pedra depois do ocorrido.A Sabesp...Essa Sabesp...Acordei cedo. Entrei no banheiro. Abri a torneira para lavar o rosto e...Nada! Torneira seca. Fiquei que nem um zumbi, imaginando que seria algum problema com a boia ou teria esquecido de pagar a conta e a Sabesp cortara o fornecimento? Ligo para a Sabesp. A atendente diz que o problema é localizado. Apenas na minha casa e que ela irá enviar uma equipe para verificar a origem do problema. Inconformado, pego o carro e vou até o Poupatempo, onde a Sabesp tem uma representação. Lá, me dizem que o problema talvez seja "em todo o bairro". Falo com uma pessoa que mora em São Paulo, ao lado de uma agência grande da Sabesp. Ela vai até lá e vem com uma terceira informação: a Sabesp está realizando uma grande obra na região e vários bairros estavam sem água, há vários dias. A previsão é que o serviço seria normalizado no início da noite. Foi o que de fato ocorreu. Conclui-se que, a exemplo da Vivo, a Sabesp também parece um carro desgovernado. Em nenhum momento, a Sabesp me avisou que iria cortar o fornecimento. Simplesmente, esgotei as reservas das duas caixas d'água até ficar sem uma gota em casa. Um pesadelo! E a Sky...Como se esquecer da Sky...Fiz uma recarga do serviço pré-pago, em uma lotérica, e a Sky entendeu que se tratava de uma assinatura anual. Sem os canais que tinha pago, sem entender o que estava acontecendo, liguei para a Sky e a atendente disse que eu havia comprado uma assinatura anual e que apenas no próximo ano poderia fazer algo a respeito. Com tanta tecnologia, com tanta facilidade, com tudo sendo resolvido em meia dúzia de toques no celular, a Sky nada poderia fazer. "O senhor espera até o ano que vem e depois vem falar com a gente". O comerciante que me vendeu o equipamento pré-pago disse que isso ocorria quase sempre. "Em geral,  a pessoa compra outro aparelho e joga fora o que está comprometido", ele sugeriu.  Reclamei para tudo quanto foi órgão de atendimento ao consumidor. Procurei até a Anatel. Depois de engolir vários sapos, finalmente, a Sky colocou as coisas no eixo. O fato é que essas empresas de atendimento de massa estão completamente perdidas. O consumidor é mal atendido. Os problemas ficam pendentes, como roupas em uma varal abandonado. O cliente paga caro e, quando o serviço é interrompido, não recebe o desconto devido. Se a estatização que havia no passado era um pesadelo, naquela época em que um telefone de linha custava, às vezes, mais caro que um carro seminovo; hoje, com a privatização dos serviços essenciais, fomos mergulhados em uma lixeira profunda. Nos casos mais graves, somos até submersos pelo lamaçal dos desmandos, da imprevidência e do pouco caso dessas empresas bilionárias que, em busca do lucro extorsivo, estão pouco se lixando para os direitos elementares dos consumidores.      
   
 




Humorista Leo Lins é censurado pela Justiça Federal

  Leonardo de Lima Borges Lins, o humorista condenado O início é óbvio: Constituição da República Federativa do Brasil, artigo 5º, que trata...