quarta-feira, 31 de outubro de 2018
Série da BBC discute casamento aberto
Um lisboeta de Portugal diria que wanderlust significa "navegar é preciso".
O termo inglês tem a ver com novas experiências, que a gente adquire, principalmente, quando está viajando.
A série produzida pela BBC e exibida pela Netflix - Wanderlust - não trata de viagens, mas discute o casamento aberto.
Um casal - Joy e Alan - interpretados por Toni Collette e Steven Mackintosh - não sentem mais tesão depois de 20 anos de casados.
A solução proposta por Joy, terapeuta de casais, é pouco ortodoxa: transar com outros parceiros. O professor Alan vai se relacionar com a colega de ensino, por quem sente atração, e Joy vai na base do "não tem tu, vai tu mesmo".
A saída dá resultado. O casal recupera a atração sexual. Voltam a sentir aquela antiga paixão, que havia sido soterrada pelo imobilismo.
Adúlteros e felizes, Joy e Alan não fazem segredo de seu pacto. Abrem o jogo e trazem desconforto para a comunidade. Comunidade, no caso, é um bairro classe média verdejante, confortável e urbanizado. Não significa favela, como no Brasil.
Uma cena emblemática mostra um casal de pacientes de Joy despedindo-a, porque "se a senhora não consegue resolver seus próprios problemas com seu marido, que conselhos a senhora vai poder nos dar?".
A série assustou os ingleses conservadores, que a classificaram de "pornográfica". A atriz Toni Collette comemorou o fato de ter sido a primeira mulher a ter um orgasmo na BBC. Ela tem uma ampla filmografia. Lembro bem dela em Um grande garoto, fazendo o papel da mãe vegetariana e hippie, que veio a pé de Woodstock, contracenando com o galã Hugh Grant.
Realmente, há muita gritaria em Wanderlust, que soa pornográfica. Só que a gente não deve se deixar enganar pelo gritos e sussurros. A mensagem que a série transmite é, no fundo, conservadora: mesmo se você for um adúltero liberado, mesmo se o seu casamento for aberto e poliamoroso (transar com múltiplos parceiros), não adianta, meu filho, os problemas vão acabar apertando-o pelo pescoço até o sufocamento.
A Netflix oferece poucas alternativas na linha X, de sacanagem velada. Um bom produto é Eu, tu e ela, que fala de um trisal (casal de três). Não é conservador e trata o poliamor de uma maneira atraente.
Se você votou no 17, fuja dessas séries. Elas vão trazer ideias pecaminosas para dentro da sua cabecinha.
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