terça-feira, 30 de outubro de 2018

Brasil deve romper relações comerciais com países comunistas?


Esse cidadão careca, que aparece na foto, disse que anda armado "com faca, pistola" e está em uma guerra particular contra pessoas que usam camiseta vermelha (comunistas?) e contra aqueles que ele chama de "negrada". Ele não esconde suas "preferências". Apoia "o capitão". Por isso, gravou um vídeo e postou na internet: 
https://www.facebook.com/enioverri/videos/756712504706955/

Outro fã de Bolsonaro agrediu, verbalmente, uma repórter da Folha, mandando que ela fosse "para a Cuba que a pariu".

O capitão Bolsonaro, presidente eleito por 57 milhões de eleitores, disse em pronunciamento recente que o Brasil não pode flertar com o socialismo e o comunismo. 

A China - não sei se todo mundo lembra - é um país comunista. Eles são 1 bilhão e 300 milhões de comunistas, jurando lealdade à bandeira vermelha, guardando com carinho em suas casas o Livro Vermelho de Mao Tse Thung. 

A China é a principal parceira de negócios do Brasil. O volume negociado com os comunistas chineses chega a 42 bilhões de dólares/ano. Lá atrás, em segundo lugar, vem os Estados Unidos, país capitalista, com 24 bilhões de dólares.

Não vale romper relações políticas com comunistas menores, tipo Cuba. Se for para deixar de flertar com o comunismo, o Brasil deveria começar pela China. É claro que isso não vai ocorrer, porque o capitão não vai dar tiro no pé. 

Vale refletir que o anticomunismo escolhe determinados alvos em detrimento de outros. Nos anos 60, os Estados Unidos invadiram o Vietnã para impedir que este país se tornasse comunista. Ao mesmo tempo, em que despejava mais bombas sobre os vietnamitas do que todas que haviam sido lançadas na Segunda Guerra, os americanos fechavam acordos comerciais com a então existente União Soviética e com a China vermelha. 

O cineasta Jean-Luc Godard fez um filme didático a respeito dessas opções da macroeconomia, em que as ideologias são deixadas de lado, em troca do pragmatismo comercial. O filme chama-se A Chinesa e é de 1967. 

Então, a gente percebe, desde aqueles tempos passados, que há comunistas que devem ser tolerados e podem se tornar nossos "parças", enquanto outros, como os cubanos, que são menores (compram pouca soja e carne de frango) e que podem ser excomungados, sem peso na consciência e no bolso.

Fala sério: essa história de anticomunismo é pra boi dormir. É arma eleitoral. A direita sempre usa, nem sempre dá certo. Daqui a quatro anos, retornam os comandos de caça aos comunistas eleitorais. É um anticomunismo sazonal.

Ontem, em entrevista ao Jornal Nacional, o presidente eleito voltou a mencionar o "kit gay", que ele combateu ardentemente, durante seu mandato parlamentar. 

Estranho essa iniciativa ter provocado tanta reação contrária. Foi uma ação governamental, voltada para a informação. Trazia histórias, explicava didaticamente temas como desigualdade entre homens e mulheres, homofobia, preconceito e diversidade. 

Pena que o governo federal sucumbiu à pressão dos conservadores e não levou o projeto adiante. Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o programa, dê uma olhada nessa apostila. Informação é sempre o melhor caminho para pôr fim ao preconceito:

http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2015/11/kit-gay-escola-sem-homofobia-mec1.pdf


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