quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Se eu fosse ele, não participaria de debate


A última ficha do PT para virar o jogo é o debate. Em tom de desespero, o partido vem martelando a necessidade de se fazer um debate entre os dois candidatos, que disputam o segundo turno. 

O PT sabe que o candidato ele é despreparado, nunca dirigiu um empório que seja, atrapalha-se nas questões econômicas (foi risível a tentativa dele de explicar a desigualdade salarial entre homens e mulheres). Ele tem tudo a perder. 

Se eu fosse ele, não participaria do debate. Com uma larga vantagem de 16 milhões de votos - de acordo com as pesquisas de intenção de voto - ele está muito próximo de botar a mão na faixa. Por que colocar a vitória em risco nesse momento? 

Debates são decisivos. Lula aprendeu isso em 1989, quando enfrentou Collor, Boni, Armando Nogueira, Rede Globo, naquela famosa edição, que veio para derrubar a subida meteórica do petista nas pesquisas. Em outro debate histórico, Kennedy se saiu melhor sobre Nixon, em 1960, e venceu a eleição.

A 11 dias da eleição, o que resta ao PT para tentar virar o jogo? Com tanta desvantagem, nem a Liga da Justiça, com Batman, Super-Homem, Mulher Maravilha et caterva parecem capazes de mudar a história. O quadro é sombrio. A derrota aproxima-se inexorável e lá iremos nós rumo a um futuro, provavelmente, muito pior que o presente.

Levar o povo para as ruas é uma proposta tentadora. O problema é que isso foi feito no primeiro turno - com a famosa passeata das mulheres em 26 estados do País - e o resultado foi nulo. Quem iria votar nele não se deixou influenciar pelas moças, que - segundo BBC e Folha -  eram da "elite de esquerda". 

A maioria dos eleitores é, manifestamente, antipetista. Esse é o fator decisivo. Se o Coringa ou Lex Luthor estivessem no segundo turno contra o candidato do PT, eles teriam a preferência desse tipo de eleitorado. Não importa que ele seja machista, homofóbico, pró-ditadura, racista, pró-tortura, a favor do fechamento do Congresso. A única coisa que parece importar é que ele não é do PT. Odete Roitman sairia vencedora.  

O Partido dos Trabalhadores errou nesta eleição. Errou muito. A primeira bobagem foi lançar Lula candidato à Presidência. Até os habitantes do exoplaneta HD 164595 sabiam que Lula seria impedido pela Justiça de participar do pleito. Aliás, foi para impedi-lo de participar das eleições que a Justiça partidária o colocou na cadeia. Lula está preso por causa de um apartamento que nunca foi dele e onde ele nunca morou.

Enquanto o PT apostava em Lula, o tempo corria. As demais candidaturas seguiam seu caminho natural. Quando Haddad entrou na disputa, já não havia mais tempo. Não para vencer a eleição, mas para tornar o resultado menos vexatório. Pouco conhecido, alguns desinformados o chamavam de "Andrade". "Vou votar no Andrade."

Onze dias passam depressa. Vai ser difícil convencer 16 milhões de eleitores. Quem sabe uma nova e redentora manifestação. A maior manifestação da história desse País, uma nova e vitoriosa Coluna Prestes, um novo Dia D...

Se fosse dramaturgo e me coubesse tirar o candidato ele da corrida presidencial, só veria uma saída nesse momento dramático. O Deus Ex Machina. Como no teatro grego, deus baixaria em uma grua. Agarraria firmemente ele, o conduziria aos confins do universo e o atiraria bem longe, lá por onde andam as pedras verdes do extinto planeta Kripton.




   
           

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