quarta-feira, 10 de outubro de 2018

De virada é mais gostoso


O então candidato Rodrigo Amorim, do PSL, quebrou a placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, covardemente assassinada a tiros no Rio de Janeiro, em 14 de março. Por esse ato de vandalismo explícito, esse gesto de ódio, publicado nas redes sociais, Amorim foi premiado pelos eleitores. Amorim foi o candidato a deputado que recebeu mais votos no Rio. Marielle era negra, homossexual e ativista política. Um combo magnético para atrair bolsonaristas do calibre de Amorim. 

Por falar em Marielle, o interventor federal no Rio de Janeiro, general Braga Netto, ainda não conseguiu prender os assassinos de Marielle. O crime aconteceu em março. Estamos em outubro. Por que será que as investigações não caminham? Por que será tão difícil chegar aos assassinos? É só incompetência ou tem algo mais? Com a palavra o ministro da Segurança Pública de Temer, Raul Jungmann. 

Na Band News, o âncora Ricardo Boechat criticou os ataques que Bolsonaro vem sofrendo de acadêmicos e jornalistas do exterior, que acusam o candidato do PSL de ser homofóbico, racista, misógino, pró-ditadura e pró-tortura de presos políticos. Boechat disse que os analistas internacionais têm esquecido do apoio do PT à Venezuela. 

O âncora da Band News citou a presidente do PT, Gleise Hoffmann, que afirmou que a Venezuela é vítima do imperialismo e sofre ofensiva da direita, com o objetivo de desestabilizar o país. Ou seja, o PT apoia a ditadura de Nicolás Maduro e, indiretamente, apoia também os crimes praticados contra dissidentes políticos ao não se posicionar de uma forma mais clara.

Cá entre nós, alguém duvida que os norte-americanos não estejam tentando desestabilizar o governo venezuelano? Alguém põe em dúvida que o regime de Nicolás Maduro sofre interferência direta das forças de direita? 

É claro que a mídia vai usar a presidente do PT para atingir Haddad. Mas existe alguma possibilidade de o Brasil se transformar em uma Venezuela, se Haddad for eleito? O PT esteve 13 anos no poder e não virou Cuba, nem Venezuela. 

Fico ouvindo esses âncoras, como Boechat, tentando caminhar no fio da navalha de uma suposta imparcialidade, e me dá pena deles. Imagine as pressões que não devem sofrer para bater em Chico e Francisco (talvez bem mais em Chico do que no Francisco). Boechat foi militante do PCB. Ou seja, tem a esquerda no DNA. As pessoas mudam. Mudam o corte de cabelo. Mudam o jeito de se vestir, mas as paixões...As paixões continuam sempre lá. Dentro da gente. E vão morrer conosco.

Felizmente, não trabalho na Bandeirantes, nem na Globo, nem na Folha. Pense só no que acontece nos bastidores pré-eleitorais. Dê uma olhada nas pautas. A mídia empresarial foi decisiva para a queda de Dilma. A Globo News cobria exaustivamente as manifestações do MBL. Veio o golpe, a presidente Dilma - eleita democraticamente - foi deposta e a articuladora do impeachment, a professora Janaína Paschoal, premiada com 2 milhões de votos. 

Se antes, eu ia religiosamente à banca de jornais, hoje, isso não é mais possível. Não há mais bancas de jornais. A leitura eletrônica é irritante (sempre aparece um anúncio, um vídeo intrometido). E o pior: não me identifico mais com nenhum veículo. 

Às 6h30 desta quarta-feira, recebo uma mensagem de um amigo de infância. É um comunicado do bolsonarista delegado Francischini, informando "em primeira mão" que as urnas eletrônicas são fajutas. Aviso que a notícia é falsa. Mando uma notícia, informando que o mesmo Francischini havia pago R$ 24 mil para uma empresa, especializada em propagar fake news (boatos). Enfim, é cansativo. 

Por essas e outras, seria delicioso ver Haddad eleito. De virada é sempre mais gostoso.  



  

   



   

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