segunda-feira, 15 de outubro de 2018
A briga pelo governo do Estado
"Nunca produziu um parafuso. Foi lobista a vida toda", disse outro dia o candidato derrotado à Presidência, Ciro Gomes, sobre João Doria.
Filho do deputado e publicitário baiano João Agripino da Costa Doria Neto (criador do Dia das Mães e do Dia dos Namorados), João Doria errou ao assinar aquele compromisso de que iria cumprir os quatro anos do mandato de prefeito.
Nem esquentou a cadeira e Doria saiu correndo em busca do governo do Estado. Atropelou seu mentor - o então governador Geraldo Alckmin - e faltou pouco para concorrer à Presidência. Deixou aquela impressão de arrivista, o cara que quer vencer a qualquer preço.
Doria disse que iria cumprir o mandato de prefeito até o final. Fez questão de ratificar a promessa diante do jornalista Gilberto Dimenstein, do site Catraca Livre. Mas não cumpriu o prometido. Agora, é vítima do pugilato da campanha eleitoral que o chama de "mentiroso".
A própria figura de Doria causa estranhamento. Aquelas rugas de expressão, que pessoas da idade dele têm na testa, desapareceram. Doria tem o rosto liso, "plastificado". Seria obra do botox? Aos 61 anos, o cabelo de Doria é pretinho, sem um único fio branco, como o de um garoto de 18 anos. Tudo bem, a gente entende a vaidade, mas é um rosto, com tanta produção, que não inspira confiança. Fica aquele estereótipo de "coxinha", de "playboy", "forever young", que não faz bem a ninguém.
A gestão de Doria na Prefeitura foi ruim? Não, ao contrário. No pouco tempo que sentou na cadeira de prefeito, Doria fez ações interessantes, como a reforma da avenida 23 de Maio, que era o paraíso dos pichadores, e se transformou em uma artéria verdejante. Atacou com firmeza a Cracolândia. Buscou reduzir as filas de exames médicos.
Analistas políticos diziam, à época, que o então governador Alckmin teria fechado acordo para Márcio França ser o candidato indicado pelo PSDB ao governo do Estado. Doria teria atropelado Alckmin e correu por fora, conseguindo vencer a convenção tucana. Doria saiu correndo em busca de cargos políticos mais elevados. Pegou mal.
O cenário atual é preocupante para o PSDB. Depois de 24 anos no poder, os tucanos, por causa da ambição de Doria, podem perder São Paulo. Sem esquecer da derrota retumbante de Alckmin durante a corrida presidencial.
O "desconhecido" Márcio França tem a seu favor a percepção de que é o "novo". Ao contrário de Doria, França não esconde os cabelos brancos, nem as rugas de seus 55 anos. Nos debates, bateu de frente com Doria e se saiu melhor. Na greve dos caminhoneiros, enquanto o pessoal de Temer fechava "acordos" com líderes sem liderados, França localizou as lideranças de fato e conseguiu avanços consideráveis, em um cenário que beirava o caos no abastecimento. À frente do governo do Estado, França tem se mantido discreto.
Há cinco dias, o candidato Paulo Skaff, que ficou fora do segundo turno por pouco mais de 70 mil votos, declarou seu apoio a Márcio França. Se os 4 milhões e 200 mil votos dados a Skaff reverterem em benefício de França, a derrota de Doria será estrondosa.
Na presidência da Fiesp, Skaff fez campanha pelo impeachment de Dilma. Transformou o prédio da Federação das Indústrias em comitê golpista. Colocou o pato amarelo nas ruas. Usou o sistema "S" (Sesc, Senai, Sesi, Senac) para se promover politicamente.
Não se sabe se foi iniciativa de Skaff, o fato é que a placa em homenagem a Osmar Rodrigues Cruz, fundador do Teatro Popular do Sesi, foi retirada da sala de espetáculos. Atitude, no mínimo, antipática, para não dizer injusta.
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