Um Papai Noel mal-humorado em um aeroporto cercado de neve |
A lista do "The New York Times" dos melhores filmes à disposição na Netflix inclui filmes que muita gente gostaria de passar bem longe deles. É o caso de "Estou pensando em acabar com tudo", um filminho metido a besta, querendo ser cult, com roteiro "cabeça". É um amontoado de bobagens sem sentido. Encabeça a lista do NYT.
A mesma lista cita "O Irlandês" (parece uma refilmagem de "Cassino"), com uso de câmeras que rejuvenescem os personagens. Robert De Niro, Joe Pesci, Al Pacino, Harvey Keitel, dirigidos por Martin Scorsese, nos lembram que todos eles já viveram momentos melhores na tela.
Adam Sandler, um ator cômico, com um pé no humor escatológico, está perdido querendo ser sério nesse "Joias Brutas".
"História de um casamento", com Adam Driver e Scarlett Johansson, queria muito ter sido dirigido por Ingmar Bergman. Não chegou lá.
"Meu nome é Dolemite", com Eddie Murphy, tem uma cena que dá o que pensar: um grupo de pretos entra no cinema para assistir a um filme, que havia estreado e fazia grande sucesso. Trata-se de "Um estranho casal", de 1968, com Walter Matthau e Jack Lemmon, comédia hilária, divertidíssima. Só que os pretos não acham engraçado. O personagem de Eddie Murphy está no cinema. Observa todos rindo em volta dele e ele sem entender onde estava a graça. "Meu nome é Dolemite" relembra a história de um comediante preto, que fazia o papel de cafetão, durante seus stand-up. Contava piadas obscenas, retiradas do repertório de sem-teto e mendigos. Gravou discos. Fez filmes e tornou-se uma celebridade na época. No meu caso, não achei graça em nenhuma das piadas contadas por Dolemite. "Um estranho casal" continua a ser uma das comédias memoráveis que já tive o prazer de assistir. A tese de Murphy seria a de que, nos EUA, pretos só riem de piadas de pretos; e brancos, só das piadas de brancos? Tese certamente muito discutível.
"Sob a luz do luar" é triste, triste, tão triste que a gente não aguenta de tristeza e acaba abandonando o filme pela metade.
"Roma", também relacionada na lista da Netflix, foi alvo de um comentário meu neste blog em 25 de fevereiro de 2019. Torci para "Roma" perder o Oscar. E perdeu.
Saindo da lista do NYT, para a minha lista, nem sempre "assistível":
"Entre facas e segredos" - É um filme de 2022 e mesmo tendo sido lançado neste ano consegue o feito de ser antiquado e chato. É aquela baboseira de detetive tipo Poirot, de Agatha Christie, dentro de uma casa, investigando familiares - todos eles - suspeitos de terem cometido um crime. Aquelas esquisitices, os maneirismos detetivescos faz tempo que perderam a graça. Desde Columbo.
"Entrapped" - A série é uma continuação da história do detetive Andri, em uma Islândia coberta de neve por todos os lados. Tanto "Trapped", a série inicial, como esta continuidade valem a pena ser vistas. É uma série gelada, fria, gostosa demais.
"Confie em mim" - Baseada na obra de Harlan Coben, a série, lançada este ano, acontece em núcleo de novos ricos que vivem em uma Beverly Hills de Varsóvia (Polônia). Um adolescente morre (ou teria sido assassinado?) e isso desencadeia uma sucessão de ocorrências que tiram o sossego do núcleo bon-vivant da capital polonesa. Quem começa não tem coragem de parar. Vara a noite.
"O soldado que não existiu" - Filme de 2022, poderia ser melhor. A roteirista inglesa Michelle Ashford inventou um romance entre o cansado e apático Colin Firth e a pouco sedutora Kelly Macdonald, que atrapalhou toda a trama. A história seria interessante, sem esse romance bobinho. Na Segunda Guerra Mundial, o então integrante de um grupo de espionagem Ian Fleming tem a ideia de criar um batalhão inexistente para desviar a atenção dos nazistas. Para isso, sugere arrumar um cadáver. Vesti-lo como um oficial britânico e despachá-lo no mar, com documentos falsos, para ser encontrado pelos alemães. No filme, Ian Fleming, que se tornaria escritor de sucesso com seus livros de espionagem ("meu nome é Bond, James Bond"), aparece pouco, porque o roteiro preferiu se perder entre o sonolento Colin Firth e Macdonald, tão sexy como um pé de milho verde. Uma pena.
"Lindo dia na vizinhança" - Com Tom Hanks, vale apenas uma confissão: desisti de assisti-lo, quando vi o pessoal cantando sem parar. É aquilo de o personagem pegar uma escova de dentes e sair gritando, "que escova de dentes linda que eu tenho". Não dá. Musical somente alguns. "Cabaret", por exemplo.
"O poder e a lei" - Quem leu os livros de Michael Connely sobre o "advogado do Lincoln" vai gostar muito dessa série, lançada este ano. Lá está o advogado de defesa Mickey Haller voltando ao trabalho, depois de um período de sabático forçado, em uma clínica de desintoxicação. Como os livros de Connely, a série tem ritmo, dá prazer assistir cada episódio e a gente tem dificuldade de parar.
"Nevasca de Natal" - É uma minissérie que tem como cenário o aeroporto de Oslo, na Noruega, pouco antes do Natal. Seguindo mais ou menos o trajeto de "Simplesmente amor" reúne vários personagens, que se cruzam, se apaixonam (ou rompem ligações). Entre eles, um Papai Noel preto, mal-humorado, que discute com as crianças, principalmente, as que fazem xixi em seu colo. Tem o personagem do pianista em fim de carreira, que não se conforma em viajar de classe econômica; um sujeito que trata todo mundo bem e é chamado de "anjo"; a garota que está com o amante abusivo, dando uma "rapidinha" no banheiro; a filha que precisa comprar um presente para o pai que ela não vê há muitos anos... Tem os malcriados, os ingênuos, os que adoram essa época de fim de ano e os que a detestam. É uma minissérie deliciosa para se assistir na véspera do Natal.
Bons filmes para você.
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