A rua Pirassununga, na Mooca, é uma subida que leva o motorista da avenida Salim Farah Maluf até lá em cima, na rua do Oratório. À noite, a sinalização deixa a desejar. Em determinado momento, essa artéria cruza com a rua Jaboticabal, que tem a preferência. Ou seja, se você estiver subindo a rua Pirassununga, quando chegar no cruzamento com a Jaboticabal, você deve parar o carro.
Ontem à noite, um motorista mais desatento não parou. Passou direto. Quase colidiu com outro veículo, que vinha pela preferencial. O motorista, que estava com a razão, deu ré e subiu à toda velocidade, em busca de justiça. Passou, em alta velocidade, a dois centímetros do meu carro.
Duzentos metros adiante, ele fechou o carro vermelho. Desceu e começou a gritar. "Vai tomar no cu. Quer tomar um tiro na cara? Caraio!". Eu vinha atrás deles e flagrei toda a ocorrência.
De camiseta larga, bermuda e chinelo de borracha, ele informou aos transeuntes que era policial militar. O motorista do carro vermelho procurava contemporizar, mas o suposto PM estava descontrolado. Parecia um cabo desencapado, soltando faísca.
Comecei a filmá-lo. A mulher, que o acompanhava, saiu do carro e viu que a cena estava sendo gravada. Avisou-o. Ele veio em minha direção e mandou que eu apagasse o vídeo, que ele não tinha autorizado.
Liguei o carro e saí do local. Ele desistiu de buscar justiça com o carro vermelho e veio atrás de mim.
Entrei à direita na próxima rua e ele fechou meu carro. Saiu, gritando que era para eu apagar o vídeo.
Segurei um martelo, que o meu compadre esqueceu no carro no fim de semana. Fiquei preparado para dar uma martelada na testa do maluquete, quem sabe assim ele se acalmava.
Não usei o martelo. Apelei para o bom senso. Expliquei que era jornalista e que, como a cena havia se passado em um local público, não precisava de autorização dele.
Dei ré. Desviei dele e dirigi até o Distrito Policial, que fica na rua Oratório. Quando passei por ele, ouvi um estrondo no lado direito do carro. O maluquete havia, provavelmente, dado um murro na lataria.
No DP, ele estacionou o carro ao meu lado e também desceu, acompanhado da mulher, que segurava uma criança de colo.
Diante do policial de plantão, ele reafirmou que era policial militar e que eu havia filmado a altercação dele com outro motorista, ilegalmente.
Voltei a explicar que a filmagem havia sido feita em local público e que, apesar dele ser PM, não tinha direito de permitir ou impedir o que quer que fosse.
O plantonista disse que a delegacia estava encerrando suas operações e que ele devia registrar a ocorrência no distrito de número 53. Calmamente, o policial pediu para ele se acalmar, percebendo que o PM estava fora de si.
Na saída, peguei meu carro e acionei o aplicativo para ir até a 53ª delegacia. O policial plantonista aproximou-se do meu carro e falou que eu estava coberto de razão e que o PM se mostrava, extremamente, agressivo.
"O senhor fique tranquilo, se acalme, vá até a delegacia e o delegado de plantão vai ouvir as duas versões. O senhor não precisará apagar o vídeo, porque a liberdade de imprensa garante a filmagem", ele me explicou.
Na porta, percebi que ele foi embora. Desistiu de fazer a ocorrência.
Estou pensando em enviar este vídeo para a Corregedoria da Polícia Militar. Não para criar problemas para esse rapaz, mas para a PM encaminhá-lo a tratamento médico. Ele está descontrolado. Parece a ponto de atacar qualquer pessoa que o contrarie. Deve ser estresse da profissão. Imagine esse sujeito, andando armado por aí. Se ele for de fato PM, precisaria passar, urgentemente, por um recall.
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