segunda-feira, 14 de maio de 2018

"Em nome do silêncio"


Monteiro Lobato escreveu um artigo ("Em nome do silêncio"), que é uma crítica raivosa e ao mesmo tempo bem-humorada sobre o barulho que predomina em São Paulo:

"À nossa Constituição falta um artigo de capital importância, que estabelecesse a paz da inviolabilidade do domicílio e a inviolabilidade dos nossos ouvidos", ele escreve.

"Se um cidadão não tem o direito de penetrar violentamente em casa de outro, porque terá o direito de penetrar no seu aparelho auditivo?", questiona.

"São Paulo é a vítima permanente dum estupro auditivo organizado em sistema. Seus tímpanos não merecem a consideração de ninguém. São uma espécie de casa da Mãe Joana, onde todo sujeito capaz de um som violento,sem a menor cerimônia, deposita a sua contribuição".

Nesse mesmo texto, Lobato fala do Carnaval, quando "bandos de bípedes passam (...) em mangas de camisa, balindo, latindo, mugindo, grunhindo, guinchando, urrando, taralhando, coaxando, crocitando, zurrando, ululando (...)".

Muito distante do politicamente correto, Lobato critica as mulheres com excesso de peso: "Gordas, mamalhudas" (...) esses cetáceos femininos (...) passam irradiando nuvens de espiroquetas pálidos". 

Espiroquetas são bactérias...

Imperdoável, Lobato manda enviar as mulheres obesas aos matadouros, que havia na época na periferia da cidade:

"Quanto ao mulherio não há vacilar a respeito do seu destino: é tangê-las para Osasco. Só assim seremos reintegrados nas incomparáveis delícias do silêncio".

Este artigo (Em nome do silêncio) faz parte do livro "Ideias de Jeca Tatu":
goo.gl/arsYMA

   



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