quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O Facebook - esse vampiro insaciável





O Facebook tornou-se hoje um repositório de opiniões, críticas, dúvidas, sugestões, encrencas e a tão propalada publicidade de si mesmo. O Face é uma vala comum. Ali, tudo será despejado. É gente que precisa achar o cachorro, o gato, o furão. É o militante de direita atacando a liderança de esquerda. E vice-versa.

É o sujeito que viaja para um fim de mundo qualquer e faz questão que todos saibam onde ele se esconde. É a dona de casa que assopra a velinha de seu 80º aniversário. Tem receita de bolo, torta, pizza, molho de macarrão. No Face, você encontra ódio, amor, polêmica, guerra, paz, literatura, poesia, música, suicídio ao vivo...

Gente talentosa, sem espaço nos meios de comunicação, escreve de graça para essa rede social. O Face é um sugador de talentos. Não paga nada pelos textos. Pior: todos os dias, milhares de pessoas pirateiam textos de jornalistas e publicam de graça em suas páginas. O Face engorda. Torna-se obeso. Pleno de informação. Ocupa todos os espaços. Chega a todos os continentes, países, cidades, vilas, ruelas. 

A linguagem do Face é ligeira. Não adianta usar mais de 500 palavras. Ninguém lerá. O chamado "textão" é motivo de repulsa. "Lá vem textão", os seduzidos pelas imagens costumam pontificar, tapando o nariz de nojo.

 O Face censura. Não se pode mostrar bunda, peito, vagina, pênis. Até obra de arte, fotografia artística, quadro famoso entra na tesoura do Face. O Face é "família". É como se a Disney se transformasse em rede social. O Pato Donald e a Margarida não eram casados, nem viviam juntos. Sobravam os "três sobrinhos" (Huguinho, Zezinho e Luizinho) gerados por inseminação de lápis de cor. O Face é assim: um ambiente sem sexo, sem reprodução, sem mostrar as partes pudendas da humanidade. O Face é a família americana, vermelha e sorridente, do cansativo comercial de margarina.

O Face é uma criação de um gênio universitário. Surgiu no campus de uma prestigiosa universidade norte-americana. Cresceu, expandiu-se, dominou o mundo.

Em noites de insônia, olhamos para o céu e vemos esse vampiro gordo e insaciável, voando soturnamente sobre nossas casas. Como seria bom enfiar uma estaca de madeira em seu coração. Como seria bom vê-lo queimando, ardendo em chamas, desfazendo-se em milhares de pedaços fuliginosos. Como seria bom acordar de manhã, sair de casa e ir até a banca de jornal comprar o diário de nossa preferência.

O problema é que não existe mais a banca de jornal e o diário de nossa preferência também já não existe mais.  


 

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