sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Um ressentido escreve sobre os ressentidos

 


São 220 páginas de puro ressentimento. O livro O pobre de direita - a vingança dos bastardos, de Jessé Souza, editado pela Civilização Brasileira, traz na capa um homem sentado em um galho de árvore, usando um serrote para cortar o mesmo galho. Ele está sentado no sentido contrário ao tronco. Ou seja, o galho vai ser serrado, quebrar e o infeliz vai despencar junto. Essa é a metáfora que simboliza o pobre de direita: o cara que usa hospitais públicos, escolas públicas, pega remédio grátis na farmácia e - inexplicavelmente - é também alguém que é a favor da redução do estado, do corte dos projetos assistenciais, que é contra o bolsa família, que é cristão de bíblia encadernada em zíper e mesmo assim apoia o Estado de Israel e se enrola na bandeira israelense para participar de passeata bolsonarista na Paulista (não foram os judeus que "mataram" Jesus?).

Jessé Souza é negro e nordestino. Talvez, por isso, ressentido. Assim como quis comprovar o cineasta Kleber Mendonça no filme "Bacurau", Jessé acredita que o pessoal do Sul e Sudeste são os "inimigos" do estado democrático e dos governos de esquerda. Essa gente que Jessé chama de "branquinhos histéricos" teria levado à eleição de Bolsonaro, por se acharem "europeus" e não se sentirem parte do Brasil.  

Na crítica intitulada O pobre de direita e a miséria da sociologia, o ativista da organização comunista Arma de Crítica Renato Nucci Júnior e o professor do Instituto Federal de São Paulo Leonardo Sacramento dizem que se Jessé levasse essa tese a uma banca de mestrado, levemente rigorosa, seria reprovado: "O argumento central de Jessé está pautado no ressentimento do branco sulista e no moralismo do negro periférico evangélico, desvinculando os seus votos da questão econômica. O PT, portanto, representaria o negro e o pobre, enquanto o branco sulista ressentido se identificaria com Bolsonaro". Nucci e Sacramento lembram, no entanto, que o Nordeste sempre votou, da redemocratização a 2002, no PSDB. "Há claramente um erro ao não se confrontar com um dado básico. O que teria acontecido com o Nordeste? Eis o que Jessé ignora".

Jessé estima que a classe média e a elite brasileira representam 20 por cento da população. "Ou seja, elas não decidem as eleições majoritárias." Não são esses os números do IBGE. Segundo o Censo 2022, as classes A, B e C já representam 50,1 por cento da população economicamente ativa. Cinquenta por cento mais um tem sim voto decisório. 

O pobre de direita é também uma longa e exaustiva peroração de ataques furibundos a Raízes do Brasil, de Aurélio Buarque de Holanda. Jessé entende que Buarque de Holanda (primo de segundo grau do Chico) simboliza o elitismo acadêmico paulista que se opunha a Getúlio Vargas. Para Jessé, Vargas foi o presidente que resgatou a importância da cultura negra na formação brasileira. 

"A revolução cultural varguista implica reconhecimento da cultura negra como um pilar cultural fundamental". Já São Paulo "passa a ser percebido, para todos os efeitos, como o lugar do encontro entre americanos e europeus, campeões da 'civilização', em contraposição ao resto do país (...) Estava criado o racismo cordial brasileiro".

São Paulo e sua elite acadêmica tinham mesmo de se opor a Getúlio Vargas. Ele havia dado um golpe em 1930 e tomado o poder à força. Foi para redemocratizar o País que os paulistas declararam guerra a Vargas, em 1932, com a Revolução Constitucionalista. Vargas baixaria o Estado Novo, em 1937, com a dissolução do Congresso e só deixaria o poder em 1945, quando havia 600 presos políticos no Brasil, entre eles, Luiz Carlos Prestes, Carlos Marighela, Agildo Barata, Gregório Bezerra, entre outros. Os escritores Graciliano Ramos e Monteiro Lobato também foram "hóspedes" das celas do Estado Novo. Em nenhum momento, Jessé cita a ditadura Vargas. O fato de celebrar a cultura negra seria uma espécie de vacina que livraria Vargas de todos os seus desmandos? 

Pior: Jessé coloca no mesmo prato Vargas, Jango, Lula e Dilma, "líderes populares de nossa história que tentaram usar o orçamento público em benefício da maioria da população". Jango, Lula e Dilma foram democraticamente eleitos. Vargas só retornaria ao poder em 1951, "nos braços do povo", com a popularidade alcançada pela sua Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943. De 1930 a 1945, é bom destacar, o Brasil vivia uma ditadura. A Ditadura Vargas.

Jessé cria um "racismo racial de fundo", que seria "contra os mestiços e negros do Norte". O autor menciona também o "preconceito regional", "principalmente no Estado de São Paulo, onde ele assume a sua forma mais bem elaborada e eficaz". E elabora o seguinte questionamento: "O que está em jogo no ódio real aos nordestinos, que não seja mera inveja do lugar que possui, indiscutivelmente, as praias mais bonitas deste país?". E afirma que "crime passa a ser tudo aquilo que o preto faz: sua religião, sua música, seu lazer e suas manifestações culturais". No entender do autor, "o racismo 'racial' continua sendo, agora por meio de suas máscaras 'culturais', o fundamento do cimento social brasileiro".

Jean-François Braunstein, em A religião woke, afirma que "é preciso encontrar racismo em todo o lado, precisamente porque não temos um racismo comprovado". Braunstein cita o professor canadense de política Eric Kaufmann que, a propósito dos Estados Unidos, ponderou que "nunca se falou tanto de racismo desde que o país se tornou indiferente às raças, com um presidente negro, um ministro de Defesa negro e um secretário de Segurança latino".

Ao falar de "racismo sistêmico", Braunstein menciona a militante racial Barbara Applebaum, para quem "todos os brancos são racistas ou cúmplices do fato de se beneficiarem de privilégios que não podem voluntariamente renunciar". O autor de A religião woke avalia que "temos dificuldade em compreender que estes militantes raciais finjam não perceber que a própria fórmula 'todos os brancos são racistas ou cúmplices' é um racismo consumado, sobretudo se a completarmos com a afirmação que ninguém negro é racista. Com este 'racialismo', estamos lidando com um racismo invertido, mas que ainda assim é racismo".

Jessé entrevista algumas pessoas, mas sem a preocupação de identificá-las. Por exemplo: "Marcelo - Marcelo é gaúcho e morador de Porto Alegre. Marcelo é branco, forte e musculoso, alto e com rosto de traços finos". Mateus - Matheus é advogado e tem trinta anos". Como jornalista essa forma de identificar o personagem me causa estranhamento. Quando era repórter, costumava anotar o nome completo, a profissão e até a idade da pessoa. Fica uma sensação de informação mal dada: "Ederson - Ederson é negro, carioca e mora em São Paulo". Não encontrei de forma detalhada e explícita quantas pessoas foram entrevistadas. Não há um balanço final. Parece que os entrevistados foram escolhidos a dedo para comprovar a tese do "racismo racial de fundo" do autor.

No Brasil, há pessoas racistas. Existem paulistas e sulistas que não gostam de nordestinos por preconceito. Mas são exceções. São Paulo sempre recebeu todos de braços abertos. Hoje, São Paulo é o estado que tem a maior população de nordestinos fora do Nordeste. Quando Jessé afirma que, no fundo, o preconceito contra nordestinos advém da inveja, por causa das praias, é de uma infelicidade autoral clamorosa. O preconceito contra o nordestino deve-se a evidências notórias: são pessoas pobres, com nível educacional baixo, que têm somente a força do trabalho para ofertar. Assim como eram os avós dos descendentes de italianos, alemães, japoneses, que chegaram a São Paulo entre o final do século 19 e o início do século 20. 

Quem lê o livro O pobre de direita - a vingança dos bastardos tentando entender por que o bolsonarismo surgiu e criou raízes, e por que houve esse período tão turbulento e nocivo para a sociedade brasileira, fica sem respostas. Por causa de seu ressentimento em relação a São Paulo e estados do Sul, Jessé cria um esqueleto teórico, com base na suposição de um "racismo racial", que não oferece explicações. 

Bolsonaro foi eleito, porque o seu principal adversário (Lula) estava na cadeia, preso por uma acusação de corrupção que nunca foi comprovada. Nem o então juiz Sergio Moro, nem o promotor Deltan Dallagnol tinham provas efetivas de que o dinheiro da Petrobras teria sido utilizado na reforma do sítio em Atibaia e no tríplex do Guarujá. Como a Vaza Jato viria comprovar, posteriormente, Moro e Dallagnol conjuravam para conseguir a condenação. Como prêmio pela condenação, por ter tirado Lula da disputa eleitoral, Moro foi escolhido por Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça.

Nucci Júnior e Sacramento escrevem que o conceito pobre de direita é imprestável para explicar a realidade. "No fundo, expressa uma condenação moral: a culpa pela pobreza e miséria das massas não seria do capitalismo, mas do próprio pobre de direita, principal responsável pela sua miséria".

O Brasil tem pressa. Precisa acabar com as desigualdades salariais. Tem de estabelecer níveis de rendimento semelhantes aos dos países nórdicos. É inconcebível um país com tantos miseráveis como o Brasil ter funcionários públicos com rendimentos estratosféricos, como apontou Bruno Carazza, em seu livro O país dos privilégios

O Brasil tem pressa, em suas prioridades: eliminar as desigualdades, transformar a educação em pública, acabando com as fábricas particulares de diplomas; combater a violência com mais vigor e menos titubeio. Preservar a natureza. Salvar as mulheres dos companheiros e ex-companheiros. Diferente do livro de poemas Temos muito tempo e tão pouco a fazer, nós temos tanta coisa para fazer e tão pouco tempo. E conforme a frase atribuída ao imperador Marco Aurélio: "o que fizermos agora ecoará pela eternidade".     

  





   






 
 





segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Novo livro de Vladimir Safatle mantém proposta revolucionária

 


“Enquanto houver sofrimento, haverá política revolucionária possível”, afirma Vladimir Safatle, em seu livro recém-lançado pela editora Planeta, A esquerda que não teme dizer seu nome.

Em suas 111 páginas, Safatle tece críticas ao “socialismo real, vencedor”, põe em dúvida os números de vítimas do comunismo, prioriza a defesa de vida de “entidades não humanas” (natureza), desmitifica o que chama de “limitação antropológica da política” (uma política de esquerda não pode funcionar, porque o ser humano é naturalmente egoísta) e tenta explicar “o que aconteceu conosco”, referindo-se à atual militância esquerdista.

Afinal, o comunismo fez quantas vítimas: 60, 65, 93, 110, 148 milhões de pessoas? Segundo o autor, essa “leviandade no uso dos números” indica que “precisão não é o forte nessa discussão”. Por que, ele questiona, “não lembramos também de todas as vítimas do colonialismo, do imperialismo, das guerras expansionistas, da miséria e fome operária, das ditaduras, da repressão policial”.

Em defesa das “entidades não humanas”, Safatle chama atenção para a Constituição do Equador que garante “a existência da Natureza, sua preservação e a regeneração de seus ciclos vitais”. Ele assegura que esta é uma forma de dar também uma categoria de sujeito para entidades não humanas. E isso precisa ser feito com rapidez, porque vivemos em um mundo “que desmorona muito rápido”.

O autor sugere que “a soberania popular” possa ser “a força deliberativa de um estado de emergência” que impediria medidas tomadas contra os interesses da preservação da natureza. Por exemplo, quando se fala em prospecção de petróleo na foz do Amazonas, essa “soberania popular” passaria por cima de qualquer decisão governamental e impediria a extração do óleo naquela região.

Safatle lembra que, em 2017, o governo de Michel Temer fez uma reforma trabalhista que derrubou direitos consolidados. Pós-Temer, grávidas podiam ser obrigadas a trabalhar em locais insalubres, as jornadas de trabalho de 12 horas por dia, com demissão, descanso e férias radicalmente flexibilizadas. Na ação trabalhista, se o trabalhador fosse derrotado teria de arcar com as despesas do processo. Assim que a reforma foi aprovada o que se viu nas ruas?

“Nenhuma manifestação de rua. Famílias todas de olho no final do BBB”, recorda o autor, questionando:

“O que aconteceu conosco?”

Em seguida veio a eleição de Bolsonaro. Era o candidato não apenas das famílias de deputados de cinco gerações, mas também “de gente periférica, negra e evangélica”.

“Votavam na direita”, observa Safatle, “por se sentirem traídos, por não se verem mais como objetos reais das preocupações reais das práticas no poder”.

O autor refere-se aos empreendedores isolados, a uberização do trabalhador. Gente que não pode mais contar com instituições e redes de solidariedade para defesa coletiva, como sindicatos e associações.

Eles são “vendedores de si mesmos”. “Nada têm – nem garantias trabalhistas, nem meios de produção, nem tempos e estão sempre endividados”.

O todo poderoso “mercado” é uma “instância antipolítica, anti-igualitária e organizada a partir da lógica de concentração e do monopólio”.

“O capitalismo nunca foi concorrencial, sempre foi monopolista”.

Cita o bilionário Warren Buffet, que afirmou:

“É verdade. Existe uma guerra de classes, mas é a minha classe que está fazendo a guerra e ganhando”.

“O capitalismo”, escreve Safatle, “é um sistema de guerra permanente, que usa a violência como regime normal de funcionamento”.

O autor critica o apoio da esquerda às lutas identitárias (movimentos feministas, negros, LGBT), afirmando que “a esquerda se serviu dessas lutas para esconder de si mesma sua impotência”.

E dispara contra o antigo regime comunista: “O socialismo real conheceu a violência estatal, a brutalidade social, o autoritarismo, os privilégios da burocracia, entre tantas degradações”.

Safatle vê com bons olhos “a legalidade da violação política”. Cita como exemplos pacifistas, ecologistas, ativistas (que ateiam fogo em estátuas de bandeirantes), piqueteiros, cidadãos que protegem imigrantes sem papéis e militantes do MST que invadem fazendas improdutivas.

Sobre desigualdade salarial, Safatle chama atenção para o fato de que nos países nórdicos (Islândia, Noruega, Suécia e Dinamarca) a diferença entre o menor salário e o maior não ultrapassa a proporção de um para quatro. “No Brasil, o salário numa empresa a diferença pode ser até 120 vezes entre o maior e o mais baixo”.

Ao se perguntar “o que é ser de esquerda hoje?”, ele responde: “É defender a igualdade radical e a soberania popular”.

O que é essa soberania popular, como ela se organizaria, como efetivá-la? Safatle diz que “não há nada neste livro sobre organização política”, mas caberá à esquerda acelerar o desabamento do mundo em outra direção.

“Revoluções são sempre improváveis, fruto de uma série contingente de acontecimentos. O que devemos fazer é não recusar esses processos inesperados que têm a força de romper o tempo. Não recusar já é muita coisa”.

 “As long as there is suffering, there will be possible revolutionary politics", says Vladimir Safatle in his newly released book by Editora Planeta, The Left That Is Not Afraid to Speak Its Name.

In its 111 pages, Safatle criticizes ‘real, victorious socialism,’ questions the numbers of communism’s victims, prioritizes the defense of life for ‘non-human entities’ (nature), demystifies what he calls the ‘anthropological limitation of politics’ (the idea that leftist politics cannot work because humans are naturally selfish), and attempts to explain ‘what happened to us,’ referring to today’s leftist activism.

After all, how many victims did communism claim: 60, 65, 93, 110, or 148 million? According to the author, this ‘frivolity in using numbers’ indicates that ‘precision is not the strong point in this discussion.’ Why, he asks, ‘don’t we also remember all the victims of colonialism, imperialism, expansionist wars, worker poverty and hunger, dictatorships, and police repression?’

In defense of ‘non-human entities,’ Safatle highlights Ecuador’s Constitution, which guarantees ‘the existence of Nature, its preservation, and the regeneration of its vital cycles.’ He argues that this is a way to grant subjectivity to non-human entities—and that it must be done quickly because we live in a world ‘that is collapsing very fast.’

The author suggests that ‘popular sovereignty’ could act as ‘the deliberative force of a state of emergency,’ preventing measures against nature’s preservation. For example, regarding oil drilling at the mouth of the Amazon, this ‘popular sovereignty’ would override any government decision and block extraction in the region.

Safatle recalls that in 2017, Michel Temer’s government passed a labor reform that dismantled long-standing rights. Post-Temer, pregnant women could be forced to work in hazardous conditions, workdays extended to 12 hours, and dismissals, rest periods, and vacations became drastically flexible. In labor lawsuits, if the worker lost, they would have to pay legal fees. And what happened in the streets after the reform passed?

‘No street protests. Families glued to the finale of Big Brother Brasil,’ the author notes, asking:

‘What happened to us?’

Then came Bolsonaro’s election. He was the candidate not only of families with five generations of congressmen but also of ‘peripheral, Black, and evangelical people.’

‘They voted for the right,’ observes Safatle, ‘because they felt betrayed, no longer seeing themselves as the real objects of the ruling power’s concerns.’

The author refers to isolated entrepreneurs, the ‘Uberization’ of workers—people who can no longer rely on institutions or solidarity networks for collective defense, like unions and associations.

They are ‘sellers of themselves.’ ‘They have nothing—no labor rights, no means of production, no time, and are always in debt.’

The all-powerful ‘market’ is an ‘anti-political, anti-egalitarian entity, organized under the logic of concentration and monopoly.’

‘Capitalism was never competitive; it was always monopolistic.’

He quotes billionaire Warren Buffett, who once said:

‘There’s class warfare, all right, but it’s my class, the rich class, that’s making war, and we’re winning.’

‘Capitalism,’ writes Safatle, ‘is a system of permanent war, using violence as its normal mode of operation.’

The author criticizes the left’s support for identity struggles (feminist, Black, LGBT movements), arguing that ‘the left used these struggles to hide its own impotence from itself.’

And he takes aim at the old communist regime: ‘Real socialism knew state violence, social brutality, authoritarianism, bureaucratic privileges, and so many other degradations.’

Safatle looks favorably upon ‘the legality of political violation.’ He cites pacifists, ecologists, activists (who burn statues of bandeirantes), picketers, citizens protecting undocumented immigrants, and MST militants invading unproductive farms as examples.

On wage inequality, Safatle points out that in Nordic countries (Iceland, Norway, Sweden, Denmark), the gap between the lowest and highest salaries does not exceed a 1:4 ratio. ‘In Brazil, the difference within a company can be up to 120 times.’

When asking, ‘What does it mean to be left-wing today?’, he answers: ‘It means defending radical equality and popular sovereignty.’

What is this popular sovereignty, how would it organize itself, how could it be implemented? Safatle admits that ‘there is nothing in this book about political organization,’ but it will be up to the left to steer the world’s collapse in another direction.

‘Revolutions are always improbable, the result of a contingent series of events. What we must do is not reject these unexpected processes that have the power to break time. Not rejecting them is already a lot.’

Violência no Brasil e lentidão governamental

  É um desafio: criminosos ocuparam as favelas do Rio de Janeiro e criaram um país à parte. Não é mais o Brasil. É um país dominado por band...