terça-feira, 29 de abril de 2025

"Comida caseira"

 


Não sei qual é o apelo da comida caseira. Toda cidade desse "país de dimensões continentais", como dizia a revista "O Cruzeiro", ostenta um restaurante que oferece "comida caseira". Qual é a graça de sair de casa, enfrentar as vicissitudes do tempo, do perigo em cada esquina, e chegar em um restaurante que oferece a comida que você come em casa? Pra que tanto sacrifício? Fica em casa. Coma a sua comida caseira. Pronto. Mas não. As pessoas querem experimentar não o novo, nem o ousado, nem o inusitado. Elas querem comida caseira. Pra isso, elas cruzam os 8 milhões e 500 mil quilômetros desse Brasil brasileiro, em busca da mesma comida que eles provariam exatamente igual em suas cozinhas sem mover uma palha. É sempre arroz, feijão, bife, ovo, batata e salada, com milhares de alterações redundantes. Às vezes, trocam o bife pelo frango ou peixe. Mas a ideia é sempre a mesma. Nada muda. 

Na adolescência, os pequenos cafajestes, quando eram perguntados se iriam levar a namoradinha no baile, costumavam dizer: "Não levo sanduíche de mortadela em banquete", querendo dizer que a "comida caseira" necessitava de variação.  

Quando frequento um restaurante, olho o cardápio com o interesse de astrônomo em busca dos anéis de Saturno. Quero provar algo que nunca comi antes. Quero me surpreender. Que tal uma entrada de rúcula selvagem com queijo brie e azeite trufado? E salmão com aspargos e salpicos de pimenta rosa? Parece bom. Que tal um risoto de camarão ou de alho-poró para acompanhar? Que me diz de um filé mignon ao molho madeira com champignons? E de sobremesa? Que tal um crème brulée, aquele que o garçom queima na nossa frente com maçarico? 

Assim vale a pena ir a um restaurante. Agora, se você tem preguiça de fazer arroz, feijão, bife, ovo frito, batata frita e salada...Vou te contar uma coisa. Faça sinal para o técnico e peça para ser substituído.


 Um amigo meu indicou o filme "Cabrini", de 2024, direção de Alejandro Gómez Monteverde. Pensei que fosse uma produção sobre o talentoso repórter e apresentador Roberto Cabrini. Mas não. Era a história da vida da madre Cabrini (1850-1917), italiana, radicada nos Estados Unidos e a primeira santa canonizada, tendo vivido na América. O filme tem roteiro brilhante. Sai do A para o B. Depois vai para o C, D e assim por diante. Nada daqueles roteiros irritantes que misturam passado, presente e futuro, causando uma confusão danada na cabeça do editor e também na do coitado do público, que só quer se entreter por algum tempo, porque, se fosse pra prestar atenção, leria um livro. 

Esse amigo meu funciona assim: ele me indica um filme ou série; eu vejo e comento com ele. Quando é a minha vez de indicar um filme ou série para ele, o desgraçado não vê. Enfim, essa é a minha vida, acredite ou não. 

O filme "Cabrini" (será que ela era bisavó do Roberto Cabrini?) revela a luta de um freira para criar hospitais, asilos, escolas, tendo que superar o preconceito de padres, arcebispos, cardeais e até do próprio papa, sem esquecer dos políticos (vereadores, prefeito) e da elite nova-iorquina. O filme mostra que madre Cabrini era um trator. Ela passava por cima de todo mundo, em sua liturgia de criar uma rede mundial da esperança. Ela cuidou de órfãos, que viviam nas ruas de Nova York. Cavou poços. Recolheu prostitutas. Enfrentou cafetões. A mulher era uma rocha de firmeza de caráter. Sem dinheiro, expulsa da América por um arcebispo retrógado, ela entrou no Senado italiano e chamou os políticos na chincha. Enquanto os senadores faziam discursos vazios, ela interrompeu a verborragia para revelar a realidade miserável dos imigrantes italianos na América, que, segundo o "The New York Times", viviam pior que os ratos. Inabalável, madre Cabrini - que era tuberculosa - conseguiu retornar aos Estados Unidos, teve ajuda financeira para criar uma rede mundial de apoio aos necessitados (Brasil e China incluídos). Morreu aos 67 anos, em Chicago, e seu corpo foi sepultado em Nova York. O filme fala de uma freira que morreu em 1917 e mesmo assim é atualíssimo ao falar do preconceito que os imigrantes italianos, judeus, polacos, enfrentavam no novo continente. Hoje, os imigrantes odiados somos nós, os latinos, os africanos e os árabes. 

No papel principal, a atriz Cristiana Dell'Anna está impecável. O bom John Lithgow faz o prefeito de Nova York, o arcebispo é vivido por David Morse. O papa, interpretado por Giancarlo Giannini, de dezenas de filmes, entre eles "Pasqualino Sete Belezas", que lhe valeu indicação de melhor ator para o Oscar, em 1975.

Onde morei na infância e "giovinezza", ali perto, tinha um colégio de freiras, chamado Madre Cabrini. Nunca me contaram a história da madre. Mais imperdoável ainda: quando fiz faculdade de letras, a instituição funcionava no mesmo prédio do colégio Madre Cabrini, na rua Madre Cabrini, número 36. Durante o dia, as freiras ensinavam as meninas. À noite, era uma faculdade e os marmanjos ocupavam as salas de aula. Nunca, durante os três anos de letras, procurei saber quem tinha sido a madre famosa. Para você ter ideia de como a gente andava com a cabeça na época da Ditadura.


Por falar na Ditadura, a jornalista Eliane Catanhêde, com a empáfia pedante dos bem-nascidos, fez um longo comentário no canal GloboNews sobre o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Ela lembrou o episódio em que Arnon, o pai de Collor, trocou tiros no Senado com seu colega Silvestre Péricles de Góis Monteiro. Arnon errou o alvo e matou o senador acreano José Kairala, que não tinha nada a ver com a rivalidade entre Arnon Collor e Silvestre Monteiro. Era o último dia de Kairala na Câmara Alta e estavam lá, como convidados, a mulher e os filhos de Kairala, que o viram ser assassinado.

Além desse episódio, Eliane Catanhêde relembrou a juventude de Collor, em Brasília, com suas namoradas lindas e maravilhosas, os carrões último tipo, sua vida de playboy. Contou que Collor gostava de humilhar os descamisados e fazer bullying com os fracos e oprimidos. Durante um jantar, regado a prata e cristais, Collor foi servido por uma empregadinha, vestida de empregadinha. Ele identificou um cabelo na comida. Chamou a serviçal e atirou toda a comida na cara da moça. Segundo Catanhêde, Collor não era um "caçador de marajás". Ele era um marajá.

Em 1989, durante a campanha para a Presidência da República, a Globo editou um debate entre Collor e Lula, influenciando diretamente a opinião pública a favor de Collor. Por ordem do publicitário e então todo poderoso global José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, Collor entrou para o debate, portando pastas que escondiam papéis em branco, apenas para sugerir que havia ali dentro denúncias gravíssimas contra Lula.  O então diretor de Jornalismo da Globo Armando Nogueira confirmou que houve mutreta na edição do debate, para favorecer Collor.

Hoje, Lula ocupa a Presidência e Collor é hóspede do presídio Baldomero Cavalcante de Oliveira, onde cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro.    

E a história relatada pela comentarista política da Rede Globo Eliane Catanhêde chegou até nós somente com 36 anos de atraso. 

Homemade food

I don’t understand the appeal of homemade food. Every city in this “continent-sized country,” as the magazine “O Cruzeiro” used to say, boasts a restaurant offering “homemade food.” What’s the point of leaving your house, facing the vicissitudes of the weather, the danger on every corner, only to arrive at a restaurant serving the same food you eat at home? Why make all that sacrifice? Stay home. Eat your homemade food. Done. But no. People want to experience not the new, nor the bold, nor the unusual. They want homemade food. For that, they cross the 8.5 million kilometers of this Brazilian Brazil, in search of the same food they could eat exactly the same way in their own kitchens without lifting a finger. It’s always rice, beans, steak, eggs, potatoes, and salad, with thousands of redundant variations. Sometimes, they swap the steak for chicken or fish. But the idea is always the same. Nothing changes.

In adolescence, the little scoundrels, when asked if they were going to take their girlfriend to the dance, used to say: "I don't take a mortadella sandwich to a banquet," meaning that "homemade food" needed variety.

When I go to a restaurant, I look at the menu with the interest of an astronomer searching for Saturn’s rings. I want to try something I’ve never had before. I want to be surprised. How about a starter of wild arugula with brie cheese and truffle oil? And salmon with asparagus and pink peppercorns? Sounds good. How about a shrimp risotto or a leek risotto to go with that? What about a filet mignon with madeira sauce and mushrooms? And for dessert? How about crème brûlée, the kind the waiter torches in front of us with a blowtorch?

Now that’s worth going to a restaurant for. But if you’re too lazy to make rice, beans, steak, fried eggs, French fries, and salad... Let me tell you something. Signal to the coach and ask to be substituted.

A friend of mine recommended the movie Cabrini (2024), directed by Alejandro Gómez Monteverde. I thought it was a production about the talented reporter and presenter Roberto Cabrini. But no, it was the story of Mother Cabrini's life (1850-1917), an Italian who settled in the United States and became the first saint to be canonized after having lived in America. The film has a brilliant script. It moves from A to B, then goes to C, D, and so on. None of those annoying scripts that mix past, present, and future, creating a mess in the editor's head and also in the poor audience's head, who just want to be entertained for a while, because if they wanted to pay attention, they'd read a book.

This friend of mine works like this: he recommends a movie or series to me; I watch it and comment with him. When it’s my turn to recommend a movie or series to him, the bastard doesn’t watch it. Anyway, that’s my life, believe it or not.

The film Cabrini (I wonder if she was Roberto Cabrini's great-grandmother?) reveals the struggle of a nun to build hospitals, orphanages, and schools, overcoming prejudice from priests, archbishops, cardinals, and even the pope himself, not to mention politicians (city council members, mayors) and the New York elite. The film shows that Mother Cabrini was a bulldozer. She ran over everyone in her mission to create a global network of hope. She took care of orphans living in the streets of New York. She dug wells. She took in prostitutes. She fought pimps. The woman was a rock of steadfast character. Without money, expelled from America by a backward archbishop, she went to the Italian Senate and called the politicians out. While the senators gave empty speeches, she interrupted their blabbering to reveal the miserable reality of the Italian immigrants in America, who, according to The New York Times, lived worse than rats. Unshaken, Mother Cabrini—who had tuberculosis—managed to return to the United States, received financial help to create a worldwide network of support for the needy (including Brazil and China). She died at 67 in Chicago, and her body was buried in New York. The film tells the story of a nun who died in 1917 but is still highly relevant today in addressing the prejudice that Italian, Jewish, and Polish immigrants faced in the New World. Today, the hated immigrants are us: Latinos, Africans, and Arabs.

In the lead role, actress Cristiana Dell'Anna is impeccable. The great John Lithgow plays the mayor of New York, and the archbishop is portrayed by David Morse. The pope is played by Giancarlo Giannini, who has appeared in dozens of films, including Pasqualino Sette Bellezze, for which he was nominated for an Academy Award for Best Actor in 1975.

Where I lived during my childhood and "giovinezza," there was a convent school nearby called Madre Cabrini. No one ever told me the story of the mother. Even more unforgivable: when I went to college for literature, the institution was in the same building as the Madre Cabrini school, on Madre Cabrini Street, number 36. During the day, the nuns taught the girls. At night, it was a college, and the grown men anda women occupied the classrooms. Never, during my three years in literature, did I try to learn who the famous mother was. To give you an idea of what was going on in our minds back in the days of the Dictatorship.

Speaking of the dictatorship, journalist Eliane Catanhêde, with the pedantic arrogance of the well-born, made a lengthy commentary on the GloboNews channel about former president Fernando Collor de Mello. She recalled the incident when Arnon, Collor’s father, exchanged gunfire in the Senate with his colleague Silvestre Péricles de Góis Monteiro. Arnon missed his target and killed Senator José Kairala from Acre, who had nothing to do with the rivalry between Arnon Collor and Silvestre Monteiro. It was Kairala’s last day in the Senate, and there, as guests, were his wife and children, who witnessed him being murdered. In addition to this episode, Eliane Catanhêde remembered Collor's youth in Brasília, with his beautiful and wonderful girlfriends, his top-of-the-line cars, his playboy lifestyle. She told that Collor liked to humiliate the poor and bully the weak and oppressed. During a dinner, accompanied by silver and crystal, Collor was served by a maid, dressed as a maid. He found a hair in the food. He called the maid and threw all the food in her face. According to Catanhêde, Collor was not a "hunter of marajás" (corrupt elites). He was a marajá himself.

In 1989, during the campaign for the Presidency, Globo edited a debate between Collor and Lula, directly influencing public opinion in favor of Collor. By order of the advertising mogul and then all-powerful Globo executive José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, known as Boni, Collor entered the debate carrying folders that concealed blank papers, just to suggest that they contained grave accusations against Lula. The then Globo News Director Armando Nogueira confirmed that there was manipulation in the debate’s editing to favor Collor.

Today, Lula occupies the Presidency, and Collor is a guest at the Baldomero Cavalcante de Oliveira prison, where he serves time for corruption and money laundering.

And the story relayed by political commentator Eliane Catanhêde on Globo News only reached us 36 years later.

   

sábado, 19 de abril de 2025

Personagens da Vila Clementino (anos 1960)

 

Teatro João Caetano, localizado na rua Borges Lagoa

Eram vários os tipos exóticos que viviam na Vila Clementino, onde passei a infância e adolescência. Morava próximo ao Hospital São Paulo, um prédio marrom, feio, decrépito, onde trabalhava uma médica. Essa senhora de beleza modesta, avental branco e estetoscópio pendente no pescoço, estacionava o carro, diariamente, na rua Napoleão de Barros. Parava o carro e seguia para o trabalho no hospital.

Na volta, assim que ela apontava na esquina, com a pontualidade de um relógio digital, surgia na outra esquina um senhor, com a barba por fazer, desgrenhado, sapatos rotos, um paletó escuro e manchado, a transpiração indicando uma gradação alcoólica que o impediria de pilotar um skate. Às vezes, estava acompanhado por um amigo, também morador de rua, também ébrio, que lhe aconselhava: “É agora. Não perde a oportunidade. Vai lá”.

O aspirante a Romeu ia se aproximar dela, mas algo o impedia de seguir adiante. Ele parava. Ficava indeciso. Ia, mas não ia. Andava mais um pouco. Criava coragem, mas não. Até ir embora, enquanto a médica prosseguia seu caminho até o carro.

Era uma paixão platônica, amor inalcançável, entre o bebum, que passava o dia bebendo com os companheiros atrás do muro do hospital; e a médica, sonho impossível.

O pinguço nunca conversou com a médica. Mas todos os dias tentava se aproximar dela, sem ter coragem para isso.

“Ele é apaixonado, coitado”, diziam as donas de casa, enquanto conversavam, encostadas nos portões dos sobrados, equilibrando os tamancos na sola do pé, testemunhando a tentativa e o fracasso cotidiano do ébrio mais famoso naquele quarteirão.

Outro personagem de misteriosa sedução era um senhor, rodado nos seus sessenta anos, cabelos ralos e brancos, barba professoral igualmente branca. Durante o dia, ele não dava as caras. Para encontrá-lo, era necessário caminhar pela rua Botucatu, depois das 23 horas. De camiseta branca t-shirt, curta demais para tampar a proeminência da barriga, calça de algodão de linho branco dobrada na altura do tornozelo, chinelo franciscano, ele caminhava errático pela rua. Ao seu lado, a fiel companhia de um galo garnisé branco e crista vermelha.

Certa vez, tentei falar com ele, mas o senhor do galo da madrugada, pôs a ave embaixo do braço e saiu correndo. Não gostava de gente. Só do galo de estimação.

Havia três irmãos, que moravam na rua Borges Lagoa, nas proximidades da rua Botucatu. Eram vizinhos do homem do garnisé.

Os três “batiam mal”, como se dizia, na época. A gente estava em casa, tranquilo, jantando e de repente alguém gritava na rua. Eram vários gritos e xingamentos, destinados a ninguém em particular. Poderia ser o Cinton. Poderia ser o Dalton ou o Cinfrânio.

Quando a gente saía na rua, para ver o que estava acontecendo, topava com um deles, virado para um poste, blasfemando, gritando em altos brados.

Ao ser confrontado, o Dalton costumava dizer:

“Nós somos três irmão; tudo louco e confusão”.

Na rua Borges Lagoa, ficava o Teatro João Caetano, projetado pelo arquiteto Roberto Tibau. O mesmo que construiu os teatros Artur Azevedo e Paulo Eiró. Os moradores pouco frequentavam o João Caetano. Certa vez, apareceu um ilusionista por lá e um garoto vizinho foi hipnotizado no palco. Virou uma celebridade. Os moleques queriam saber como era o "lado de lá", como se ele tivesse morrido e pudesse nos relatar uma experiência post mortem inédita..  

A minha professora particular de matemática era apelidada de “ligeirinho”, porque andava em alta velocidade pelo bairro. Sempre depressa. Era magra, baixinha e trazia uma bolsa pequena presa com toda vontade junto ao corpo. Ela era muito respeitada no bairro, por sua colaboração com a Revolução de 1932. Entre outros feitos, ela costurava os uniformes dos voluntários paulistas.

A mãe da professora era uma senhora italiana, com pelos encravados no rosto e bigode proeminente, cabelo crespo embranquecido e amarfanhado no alto da cabeça. A casa delas cheirava a cebola frita. Acredito que era o principal prato da família, pois ambas transpiravam cebola. Na sala, sempre escura, abafada, havia um cãozinho empalhado e quadros de figuras fantasmagóricas pela parede.

À noite, elas assistiam novelas. A repressão sobre as filhas da professora era medieval. Cenas de beijo, por exemplo, eram proibitivas.

Sempre que o galã pegava a mocinha nos braços e ia tacar-lhe um beijo, a professora armava-se de uma almofada. Saía correndo em direção à TV e tapava a tela com a almofada. Só depois que o beijo e as carícias tinham terminado, ela suspendia a almofada. Era um coitus interruptus de beijo.

O bairro tinha chácaras. Os proprietários eram imigrantes portugueses. Vendiam verduras frescas, cultivadas sem agrotóxicos, porque, na época, ninguém sabia o que era agrotóxico. As chácaras eram rodeadas por cercas vivas de amoreiras. A molecada enchia a cara de amoras pretas, que deixavam as mãos e as bocas tingidas de vermelho. 

Quando as montadoras chegaram ao ABC, no início dos anos 1960, o bairro começou a ganhar novos moradores. Com o preço dos imóveis em alta, as chácaras foram abandonadas. 

Para os moleques foi uma notícia boa: tínhamos agora vários campinhos de futebol. De vez em quando, um moleque despencava em um dos poços, espalhados pelos terrenos das antigas chácaras, e era um trabalho danado tirar o infeliz ali de dentro. 

Nos anos 1970, chegou o metrô e a Vila Clementino, de ruas tranquilas e calçadas com macadames, perdeu seu charme. Vieram os prédios, as construções intermináveis, a descaracterização do bairro. Um prédio imenso foi construído, atrás da casa dos meus pais, bloqueando o nascer do sol e a lua cheia.

Onde era o nosso melhor campinho, na esquina da rua Napoleão de Barros com Diogo de Faria, foi erguido um hospital para crianças com paralisia cerebral. À noite, ao invés dos grilos, ouvíamos agora as crianças perpetuamente acamadas gemendo, gritando, pedindo socorro (talvez). A gente acordava assustado. Tremendo. Parecia um pesadelo, mas era a nossa nova realidade.

A perda gradual da qualidade de vida do bairro me deixou sem saudades. Nada daquela época me traz recordações felizes, do tipo Casimiro de Abreu - "que saudades que tenho da minha infância querida...". A especulação imobiliária venceu. Nos deixou atordoados entre os escombros do que era um bairro bom de se viver, transformado em um amontoado de construções sufocantes, de trânsito insuportável. 

    



terça-feira, 8 de abril de 2025

Você sabe quem eu sou?

 


“Sou contra a democracia. Os seres humanos são incapazes de governar a si mesmos.

“Meu negócio não é a diversidade. Ao contrário, quem tiver crença religiosa diferente da minha deve ser apedrejado até a morte. Se uma cidade tem pessoas que acreditam em deuses diferentes dos nossos, esse pessoal deve ser morto implacavelmente.

“Pessoas deficientes – cegos, coxos, com nariz chato, de pé quebrado, mão quebrada, corcundas, anões, com escorbuto, sarna – nenhum deles pode chegar perto de um altar.

“Ser homossexual é uma abominação. A punição para os homossexuais é a morte.

“Na minha opinião, o cabelo do homem deve ser curto; e o da mulher, longo. As mulheres estão proibidas de usar roupas masculinas. E vice-versa! Considero isso uma abominação.

“Não considero aborto um assassinato. Fetos não são vidas humanas, porque com menos de um mês de idade não são pessoas. Eu mato recém-nascidos para punir seus pais. E ainda causo aborto, amaldiçoando esposas infiéis.

“Acho os vegetarianos fracos. Eles são um sinal de que o fim do mundo está chegando.

“Astrologia é legal. As estrelas influenciam o curso dos eventos aqui na Terra.

“Poligamia é legal. Pode ser polígamo. Eu deixo. Inclusive, alguns polígamos são meus favoritos.

“Se uma mulher for estuprada na cidade; ela e o estuprador devem ser mortos a pedradas. Ela tem de morrer, porque não gritou o suficiente para pedir ajuda. Mas se ela for estuprada em área rural, só o estuprador deve ser morto, porque – mesmo se ela gritasse bem alto – ninguém iria ouvi-la.

“Se houver uma guerra, matem todas mulheres que não são virgens, mas preservem as mulheres e as meninas virgens para vocês. Não tem problema em fazer sexo com mulheres crianças, desde que elas forem obtidas na guerra.

“Você está sem dinheiro? Pode vender sua filha para ela ser usada como escrava sexual.

“Sou tão forte quanto um unicórnio. Haverá unicórnios vagando por aí, quando a minha espada estiver cheia de sangue.

“Seus filhos são malcriados? Pode bater neles. Bater nos filhos é um sinal de amor. E se eles se recusarem a obedecer, devem ser executados.

“E ainda se uma criança zombar dos pais, vai ter os olhos arrancados pelos corvos e comidos pelas águias.

“Se você confiar em mim, vou fazê-lo ficar bem gordo. Ser gordo é um sinal de retidão, segundo o meu ponto de vista.

“Em relação ao apedrejamento, devem ser apedrejados aqueles que insistirem em trabalhar aos sábados e também devem ser apedrejadas as mulheres que chegarem na noite de núpcias já desvirginadas.

“Você tem escravos, tudo bem. Só não cobice os escravos do seu próximo. Se você for pego roubando um escravo de alguém, sua pena será a morte.

“Mas, caso chegue um escravo fugitivo no seu portão, não o devolva.

“Se você tem um escravo, pode espancá-lo à vontade. O importante é que ele sobreviva um ou dois dias após o espancamento.”

Quem eu sou?

Eu sou o Deus do Velho Testamento.

Esta série de disparates encontram-se na Bíblia. Principalmente, no Velho Testamento. O escritor Steve Wells, autor do livro “Drunk of blood” (Bêbado de sangue), teve a paciência de contar todas as mortes provocadas por Deus. Literalmente, em toda a Bíblia, foram contadas por ele 2 milhões 765 mil e 346 mortes. Wells estima que esse número possa chegar a 25 milhões 370 mil e 840 mortes, se fossem computadas as execuções divinas no Dilúvio e em outros massacres, como as pragas no Egito que teriam vitimado 300 mil pessoas.

Wells fez também um site https://www.skepticsannotatedbible.com/says_about/index.html que traz uma série de citações, existentes na Bíblia sobre os mais variados assuntos.

Mencionei aqui aborto, vegetarianismo, deficientes físicos, homossexuais, polígamos, estupros, pedofilia, astrologia, escravidão, crianças malcriadas, democracia, pessoas gordas e apedrejamentos. Tem outras dezenas, mencionadas pelo autor em seu site: gigantes, sexo oral, canibalismo, inferno, blasfêmia, entre outros.

Wells mostra que o Deus do Velho Testamento é ambíguo. Às vezes, ele proíbe e depois, permite. Por exemplo, quando se trata de  fornicação e adultério, são práticas proibidas; mas são aceitáveis, se ele – Deus - ordenar. O mesmo ocorre com as maldições. Às vezes, é permitido amaldiçoar alguém; às vezes, não. Em relação aos inimigos, às vezes, você pode ficar feliz em vê-los quebrar a cara; mas às vezes não deve ter tanta alegria assim.

O Deus do Velho Testamento é misógino, detesta LGBTs. É escravocrata. Implacável - mata crianças, mulheres, homens, velhos sem pensar duas vezes. É a favor do espancamento de crianças. É um monarquista convicto. Detesta outras formas de governo. E é vingativo. No futuro, fará com que os pais comam seus próprios filhos.

 Lendo a Bíblia dessa forma mais crítica e menos submissa, a gente consegue entender melhor tantos paradigmas imiscuídos em nossa cultura. O fato de a Bíblia condenar homens que usem cabelo comprido e mulheres que o cortem curto é um padrão comportamental que levou décadas para ser rompido. No século passado, homens não podiam usar cabelo comprido. Coube aos Beatles lançar a moda dos cabeludos, que se espalhou pelo ocidente, como fogo de bituca em beira de estrada na seca.

Pessoalmente, quando tinha cabelo comprido, precisei fugir de uma turba de mineiros, que trabalhavam em uma mina em Criciúma (SC). Eu e um amigo, ambos cabeludos e mochileiros, fomos perseguidos pelos mineiros, todos cobertos de pó de carvão. Corremos para salvar nossas vidas. Nosso crime: usávamos o cabelo comprido.

Lembro de uma vizinha, que ostentava o cabelo cortado curto, “à la garçonne”, e usava sempre calças compridas (de homem), atraindo o repúdio das comadres do bairro.

Sobre o aborto, vejo com espanto pessoas religiosas, de Bíblia na mão, condenarem a interrupção da gravidez, sendo que o Deus bíblico não faz qualquer restrição ao aborto. Ao contrário. Ele nem considera vida humana a gravidez que não ultrapassou um mês de gestação.

Conduzir sua vida de acordo com as regras e preceitos (e preconceitos) de um livro anacrônico, escrito há milênios (eruditos dizem que a Bíblia levou 1.600 anos para ser concluída), não é tarefa fácil.

O mais surpreendente é que este livro seja – em milhões de casos – o único que será lido, durante toda uma vida. Sem Darwin, sem Freud, sem perdão.


Guess, who I am?

“I am against democracy. Human beings are incapable of governing themselves.

“My business is not diversity. On the contrary, anyone who has a religious belief different from mine should be stoned to death. If a city has people who believe in gods different from ours, those people should be killed without mercy.

“Disabled people – the blind, the lame, the flat-nosed, the broken-footed, the broken-handed, the hunchbacked, the dwarfs, the scurvy-stricken, the scabies-none of them are allowed near an altar.

“Being homosexual is an abomination. The punishment for homosexuals is death.

“In my opinion, men’s hair should be short; women’s hair should be long. Women are forbidden to wear men’s clothing. And vice versa! I consider that an abomination.

“I do not consider abortion to be murder. Fetuses are not human lives, because they are not people under one month old. I kill newborns to punish their parents. And I also cause abortions by cursing unfaithful wives.

“I think vegetarians are weak. They are a sign that the end of the world is coming.

“Astrology is cool. The stars influence the course of events here on Earth.

“Polygamy is cool. You can be polygamous. I let you. In fact, some polygamists are my favorites.

“If a woman is raped in the city; she and the rapist should be stoned to death. She has to die, because she didn’t scream loud enough to call for help. But if she is raped in the countryside, only the rapist should be killed, because – even if she screamed loudly – ​​no one would hear her.

“If there is a war, kill all women who are not virgins, but keep the virgin women and girls for yourselves. It’s okay to have sex with child women, as long as they were obtained in the war.

“Are you broke? You can sell your daughter to be used as a sex slave.

“I am as strong as a unicorn. There will be unicorns roaming around when my sword is covered in blood.

“Are your children naughty? You can beat them. Beating children is a sign of love. And if they refuse to obey, they should be executed.

“And if a child mocks his parents, his eyes will be gouged out by crows and eaten by eagles.


“If you trust me, I will make you very fat. Being fat is a sign of righteousness, in my opinion.

“As for stoning, those who insist on working on Saturdays should be stoned, and women who arrive on their wedding night already deflowered should also be stoned.

“You have slaves, that’s fine. Just don’t covet your neighbor’s slaves. If you are caught stealing someone else's slave, your penalty will be death.

“But if a runaway slave arrives at your gate, do not return him.

“If you have a slave, you can beat him as much as you want. The important thing is that he survives a day or two after the beating.”

Who am I?

I am the God of the Old Testament.

This series of nonsense is found in the Bible. Mainly in the Old Testament. Writer Steve Wells, author of the book “Drunk of Blood”, had the patience to count all the deaths caused by God. Literally, in the entire Bible, 2 million seven hundred and sixty-five thousand and 346 deaths were counted. Wells estimates that this number could reach 25 million 370 thousand and 840 deaths, if the divine executions in the Flood and other massacres were counted, such as the plagues in Egypt that would have claimed the lives of 300 thousand people.

Wells also created a website https://www.skepticsannotatedbible.com/says_about/index.html that brings a series of quotes from the Bible on the most varied subjects.

I mentioned here abortion, vegetarianism, the physically disabled, homosexuals, polygamists, rape, pedophilia, astrology, slavery, naughty children, democracy, fat people and stonings. There are dozens more, mentioned by the author on his website: giants, oral sex, cannibalism, hell, blasphemy, among others.

Wells shows that the God of the Old Testament is ambiguous. Sometimes he prohibits and then allows. For example, when it comes to fornication and adultery, they are forbidden practices; but they are acceptable, if he - God - commands it. The same goes for curses. Sometimes it is allowed to curse someone; sometimes it is not. Regarding enemies, sometimes you can be happy to see them get their asses kicked; but sometimes you should not be so happy.

The God of the Old Testament is misogynistic, hates LGBTs. He is a slave owner. Ruthless - he kills children, women, men, old people without thinking twice. He is in favor of beating children. He is a convinced monarchist. He detests other forms of government. And he is vengeful. In the future, he will make parents eat their own children.

By reading the Bible in this more critical and less submissive way, we can better understand so many paradigms that have been ingrained in our culture. The fact that the Bible condemns men who wear long hair and women who cut it short is a behavioral pattern that took centuries to break.

In the last century, men were not allowed to wear long hair. It was the Beatles who started the long-haired fashion, which spread throughout the West like a fire on the side of the road during the drought.

Personally, when I had long hair, I had to run away from a mob of miners who were working in a mine in Criciúma (SC). My friend and I, both long-haired and backpackers, were chased by the miners, all covered in coal dust. We ran for our lives. Our crime: we wore our hair long.

I remember a neighbor who sported short hair, “à la garçonne”, and always wore long pants, attracting the repudiation of the neighborhood gossips.

Regarding abortion, I am astonished to see religious people, Bible in hand, condemn the termination of pregnancy, even though the biblical God does not place any restrictions on abortion. On the contrary. He does not even consider a pregnancy that does not exceed one month of gestation to be human life.

Leading your life according to the rules and precepts (and prejudices) of an anachronistic book, written millennia ago (scholars say that the Bible took 1,600 years to be completed), is no easy task.

The most surprising thing is that this book is – in millions of cases – the only one that will be read, in a lifetime. Without Darwin, without Freud, without forgiveness.




quarta-feira, 2 de abril de 2025

A inexplicável crença na fé

 


O jogador faz um gol, ajoelha-se, agradece aos céus, tece uma cruz no ar, junto à testa e repete umas duas vezes o mesmo gesto. Ao dar entrevista para o telejornal esportivo, agradece a Deus por tê-lo ajudado a fazer o gol. "Deus me dá forças. Deus permitiu que eu marcasse o gol." 

A senhora teve a casa destruída pela enchente. Perdeu todos os móveis, os eletrodomésticos, as roupas, documentos. Tudo foi levado pelas águas. Durante a entrevista, ela contabiliza as perdas e agradece a Deus: "Tenho só que agradecer a Deus por ter me deixado com vida".

São dois exemplos, entre milhões, que a gente escuta ao longo da vida. As pessoas acreditam em um ser imaginário, que vive no céu, ou em algum lugar do universo, com o qual mantêm uma relação de perda e ganho. 

São 7 bilhões de seres humanos na Terra. Todos controlados por esse ser invisível. O jogador faz o gol e agradece a este ser, não levando em conta que, se Deus o ajudou, então, prejudicou o goleiro adversário e todo o outro time. De acordo com esse raciocínio simplista, Deus torce para um time e despreza o outro. "Foi Deus!", diz o atleta emocionado, garantindo ter algum tipo de relação próxima com a divindade. 

A senhora, que perdeu tudo na enchente, acredita que Deus mandou 200 milímetros de água sobre a casa onde vivia, para, em uma manobra celestial acrobática, destruir tudo, mas salvá-la. Não tem o menor sentido, mas as pessoas se emocionam e acreditam que foi a fé que a salvou.

Meu avô por parte de mãe escrevia um diário, em que contava as amarguras que passava na fazenda, onde a família, que veio da Itália, vivia e trabalhava no Brasil. Falava da pressão do fazendeiro de café sobre os trabalhadores. Do ritmo excruciante das jornadas intermináveis no campo, além dos salário irrisório e da miserabilidade geral (com exceção do fazendeiro). Nesse diário, que pude ler depois de sua morte, ele entabulava uma espécie de contabilidade com Deus. Relatava as perdas dos filhos: um recém-nascido morreu porque minha avó não sabia que estava grávida e a criança nasceu enquanto ela trabalhava no roçado; um garoto de um ano e sete meses morto por causa de alguma doença não diagnosticada e uma filha, morta aos 23 anos, provavelmente de câncer, mas nunca se soube ao certo. Ele anotava essas mortes e lembrava que o mesmo Deus que havia levado seus filhos também tinha lhe dado quatro netinhos. O balanço era favorável a Deus. Ele não tinha frequentado escola. Aprendera a ler, escrever e fazer contas por si próprio. Era uma pessoa esforçada, religiosa, que nem sempre conseguia entender a "contabilidade" divina. 

A crença nesse ser imaginário  atinge 156 milhões de brasileiros, em uma população de 200 milhões. Os ateus representam 22 por cento, algo em torno de 44 milhões que não creem em uma divindade. Em minoria, a vida do ateu em país de maioria religiosa é sofrida. Você está em um trem, que circula pela Grande São Paulo, e aparece no meio do vagão um cidadão, armado de uma bíblia. Ele começa a gritar e exigir que você o ouça. Mesmo sem querer, você é obrigado a escutá-lo. É uma ação religiosa agressiva. O crente quer convertê-lo e vai continuar gritando durante toda a sua viagem. Em casa, no conforto de sua residência, enquanto você relaxa e vê um programa qualquer na TV, toca a campainha. Você levanta do sofá. Vai até a porta e topa com meia dúzia de crentes, armados com seus livros religiosos, querendo fazer a sua cabeça. No supermercado, você está empurrando o carrinho, com aquela pressa de sempre, e do nada surgem dezenas de crentes, que começam a rezar e gritar, interrompendo suas compras. Eles chamam de "flash mob evangélico". É uma chateação atrás da outra. 

Você ama Deus, acredita nele, acha maravilhoso ir na igreja, cantar e rezar, crê em diabo e sabe-se lá mais o quê, por que cargas d'água você não continua na sua igreja, feliz da vida, e, ao invés disso, vem na minha casa perturbar o meu sossego? É maravilhoso acreditar em Deus? Ótimo, seja egoísta, guarde só para você, não venha me incomodar. Eu não saio de casa e vou dentro da sua igreja dizer que Deus não existe.

A fé é um negócio bilionário no Brasil. Segundo a Receita Federal, somente as igrejas evangélicas faturam 30 bilhões de reais por ano. As igrejas não pagam impostos. Elas têm o que se chama de "imunidade tributária". É um dinheiro que escorre limpinho bolso  adentro dos responsáveis pelos templos. 

Os seres humanos tinham necessidade de crer em divindades. Não sabiam por que o sol aparecia toda manhã. Nem sabiam o que era o sol. Durante as tempestades, não conseguiam entender o acontecimento climático de raios e trovões. Associavam a tempestade à ira furiosa de algum deus invocado por causa de alguma diatribe humana. Para aplacar a ira divina, surgiram os sacerdotes, que mantinham relação próxima com a divindade (a exemplo do jogador de futebol). Os sacerdotes faziam sacrifícios. Matavam ovelhas, cabras, galinhas e muitas pessoas (principalmente, mulheres virgens). 

Os filósofos gregos já desmontavam essa crença vingativa da divindade com uma associação simples. Enquanto os sacerdotes juravam que os raios e trovões eram manifestação da ira de Zeus, os filósofos questionavam as velhas crenças e diziam que isso era uma bobagem, porque os raios também caíam e destruíam as igrejas que louvavam Zeus. 

Jornais relatam um massacre ocorrido em uma casa de shows, em Moscou (Rússia). Um grupo de celerados entrou no lugar e disparou a esmo. Morreram 140 pessoas. Todas desarmadas, que estavam no local para se divertir. Esse grupo de malucos quer instituir no planeta Terra um negócio chamado "califado", em que um religioso monárquico muçulmano é o chefe do governo. Outro grupo muçulmano invadiu Israel, em 7 de outubro de 2023, e matou centenas de pessoas. Esse grupo criminoso é genocida, planeja matar todos os judeus e eliminar o Estado de Israel.

A religião fez milhões de vítimas no passado. Continua a matar no presente. Esse pesadelo medieval, sem sentido, parece não ter fim.  

      

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