segunda-feira, 6 de maio de 2024

Em época de alteração climática, governos deveriam tornar SUVs obsoletos

 


SUV, traduzido do inglês, significa "veículo utilitário esportivo". Na prática, é um carro enorme, poluente, bebedor, autoritário, que manda uma espécie de recado subliminar a quem está sendo ultrapassado por ele: Sai da frente, pobre. Sou rico, poderoso e o senhor dos caminhos.

Na Europa, o cerco aos SUVs começou pra valer. Governos aumentaram as taxas de circulação. Na Itália, centros históricos pensam em banir completamente a presença dos SUVs. Paris já sobretaxou esses veículos e Londres segue pelo mesmo caminho.  À noite, ecoativistas têm percorrido as ruas europeias e esvaziado os pneus desses gigantes.

Em plena crise climática, com desastres naturais ocorrendo por todo o planeta, como pode o consumidor ainda pensar em comprar um SUV? Movido a diesel ou gasolina, polui a atmosfera de maneira soberana e irresponsável. É um Tiranossauro Rex na cidade: ocupa muito espaço, faz espalhafato, se espalha por duas vagas nos estacionamentos. É um delinquente ambiental.

Por causa do tamanho gigantesco, esses carros têm se tornado protagonistas na matança de pedestres. Estudo produzido nos Estados Unidos revelou que a presença dos SUVs nas ruas aumentou em 57% o número de pedestres atropelados e mortos.

No Brasil, o país mais desigual do mundo, as vendas de SUVs cresceram 35%. O consumidor brasileiro, pelo jeito, está pouco se lixando para mudança climática, para uma postura mais sustentável, ele quer mesmo é ostentar, igual aos influencers que se projetam nas mídias sociais a bordo do luxo efêmero. Esse pessoal lembra o imperador Nero que tocava violino, enquanto um incêndio monumental queimava Roma (a gente sabe que isso é uma lenda, porque não tinha violino naquela época e Nero nem estava em Roma).

O preço dos SUVs é estratosférico. Tem modelos que custam 1 milhões de reais. Outros, mais em conta, saem por 270 mil, 300 mil e um Hyundai Palisade (considerado o maior SUV do mercado) sai da loja por módicos 500 mil reais. 

Garimpando notícias aqui no Brasil, não se veem medidas mais ortodoxas para acabar com a farra dos SUVs. O governo deveria quadruplicar, quintuplicar seus impostos sobre esses delinquentes ambientais. 

Para os céticos que dizem que nada muda, por isso não adianta mudar, houve avanços surpreendentes no que se refere ao cerceio de hábitos nocivos. Acredito que o melhor exemplo é o do banimento do tabaco, do cigarro social. Antes, a vida do não fumante era um suplício diário. Fumava-se no transporte público, nos locais de trabalho, nos restaurantes, aviões. Em todo lugar. Você ia a uma festa e saía cheirando cinzeiro. O cigarro foi inteligentemente banido da esfera social. É um ganho de qualidade de vida você poder comer em um restaurante, sem a companhia desagradável e nefasta de um fumante seu vizinho de mesa. 

O próximo passo agora seria banir os refrigerantes. Sobretaxá-los. Mas, melhor ainda, antes dos refrigerantes, a alça de mira deveria se posicionar sobre os SUVs. A primeira medida, seria obrigar os fabricantes a produzir esses gigantes apenas elétricos, sem uso de qualquer outro combustível. Nada de híbridos. Depois, como eles são muito grandes, como ocupam muito espaço, como atropelam muitas pessoas, uma sobrecarga tributária seria bem-vinda. 

E um recado ao ecoativista europeu: pare de esvaziar pneu de carro. Isso é uma bobagem. Pense em criar medidas restritivas e viáveis no parlamento de seu país. É bem mais prático do que ficar com dor nas costas de tanto esvaziar pneu. 

    

domingo, 5 de maio de 2024

Carros elétricos sofrem campanha de difamação

 

Modelo produzido pela chinesa BYD custa 115 mil reais

Pouco antes de entrar no século 20, por volta de 1895, Santos Dumont dirigia um carro movido a gasolina em Paris (França). Não gostava do cheiro e nem do barulho que a "carroça" fumegante fazia. Tirou o motor e colocou no lugar baterias. Circulava feliz da vida pela avenue des Acacias, com seu carrinho elétrico, que não fazia barulho, nem soltava fumaça, nem destruía o clima do planeta.

O buggy elétrico de Santo Dumont

Além de construir um avião, que decolou, fez a volta no torre Eiffel e pousou novamente, Santos Dumont certamente foi o primeiro brasileiro a ter um carro elétrico.

Os carros elétricos não utilizam combustível fóssil (diesel, gasolina), são silenciosos e resumem uma tecnologia de ponta, que reuniu todo o conhecimento humano sobre locomoção. Tirando os inconvenientes posicionamentos pessoais do bilionário filhinho de papai mimado Elon Musk, ele conseguiu criar um veículo absurdamente inteligente e não poluente. Não libera as partículas poluentes que estão matando o clima. Um familiar, que tem usado diariamente um Tesla, disse assombrado que "podem falar o que quiserem do Elon Musk, mas esse é o melhor carro do mundo". 

Estive ontem em um shopping, onde havia um show room de carros elétricos da chinesa BYD. Um Dolphin (veja imagem no alto) é um show de recursos tecnológicos. Tem potência, autonomia de 280 quilômetros, central multimídia, seis air bags, câmera de ré, sensores de estacionamento. Reportagens publicadas neste mês estimavam que o Dolphin custaria menos de 100 mil reais. Não custa. A vendedora me informou que o preço de venda é 115 mil reais. O carro é uma tentação. 

O problema maior dos carros elétricos hoje são as múltiplas campanhas que têm sido recorrentes - principalmente nas mídias sociais - para desencorajar futuro compradores. Quem fizer uma pesquisa rápido no YouTube vai ficar assombrado: carros elétricos pegam fogo, explodem, não vão dar certo no Brasil, estão sendo retirados do mercado. Vídeos falsos mostram explosões, desmentidos posteriormente, quando o estrago já foi feito: 

 https://g1.globo.com/fato-ou-fake/noticia/2023/08/23/e-fake-que-incendio-mostrado-em-video-seja-entre-dois-carros-eletricos.ghtml

Todos os dias, ao entrar nas redes sociais, me deparo com depoimentos, entrevistas, vídeos destinados a fazer a cabeça do público de que carro elétrico é uma roubada. 

Quem será que está por trás dessa campanha? De onde surge tanto material corrosivo e nem sempre verídico?

Em 2006, o cineasta Chris Paine fez um documentário intitulado "Quem matou o carro elétrico" https://www.youtube.com/watch?v=7tcv2ZXTk_E. A produção mostrava um modelo EV-1 da General Motors, que não precisava de troca de óleo, gás, nem escapamento e freios. O documentário deixava perceber nas entrelinhas que a morte do carro elétrico tinha um mandante. Aliás, vários mandantes. Seriam eles a indústria automotiva, a indústria petrolífera e o próprio governo norte-americano.

Conspirações à parte, passados 18 anos, a campanha contra o carro elétrico continua. É incansável. Está agora no seu celular, no seu notebook, no seu PC. Quem está por trás das mensagens negativas contra o carro elétrico?  

Assustadoramente atual, o filme de Chris Paine mencionava que os fenômenos climáticos se tornariam cada vez mais extremos e seriam a maior preocupação das nações nos anos seguintes.

O Rio Grande do Sul foi devastado por um fenômeno climático sem precedentes. O Sudeste enfrenta temperaturas de 36 graus em pleno mês de maio. Será tão difícil assim perceber que é preciso enfiar uma estaca de madeira profunda e imperdoável no coração da indústria petrolífera? As medidas têm de ser tomadas hoje. Nada de plano, de reuniões, de procrastinação. Tem de ser agora.  


Humorista Leo Lins é censurado pela Justiça Federal

  Leonardo de Lima Borges Lins, o humorista condenado O início é óbvio: Constituição da República Federativa do Brasil, artigo 5º, que trata...