O caso de Alec Baldwin, que matou uma fotógrafa e feriu outra pessoa, durante a filmagem de "Rust", não é novidade na indústria cinematográfica.
No Brasil, durante a produção de um filme, estrelado por Tonico e Tinoco, um extra matou acidentalmente um assistente de direção.
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O tabelião e memorialista Alcebíades Camargo, em seu livro "Bofete, berço do gigante adormecido", relata um caso de morte acidental, ocorrida durante a filmagem de Obrigado a Matar, rodado em Bofete, em que um morador da cidade que atuava como extra matou acidentalmente um técnico de filmagem.
"Em 1964, durante as filmagens de um faroeste rural em Bofete, no interior de São Paulo, o técnico Cláudio Portiolli usava balas de festim nas armas de calibre 22 e 32. Nas de calibre 44, usava balas de verdade, das quais retirava o chumbo e só deixava a pólvora. Por engano, alguém colocou uma bala não-alterada numa Winchester 44. Ao dispará-la, o figurante Pedro Lacerda Moreira atingiu o assistente de direção, Martino Martini, que morreu no trajeto entre a locação e o hospital. O diretor do filme, Eduardo Llorente, foi processado pela família de Martini. A dupla sertaneja Tonico e Tinoco, astros e produtores da película, também".
"O Tonico e o Tinoco ficaram hospedados na minha casa. O diretor do filme (Eduardo Llorente) e a esposa dele, que estava grávida, também. Meu marido (Pedro Lacerda Moreira) era muito bonito, carismático, popular, comunicativo.
"Ele foi convidado para fazer uma ponta. Um cavaleiro desceria uma montanha e meu marido seria o atirador que ia matar esse personagem. Eles filmaram primeiro o cavaleiro e depois fariam a cena com o meu marido dando o tiro.
"O diretor posicionou-se na frente da espingarda e disse: ‘Você vai atirar como se fosse em mim, olhando na minha direção’. Meu marido usou três armas. Todas falharam. A quarta arma disparou.
"A bala acertou o rebatedor de luz (Martino Martini). Era uma bala de verdade. O diretor chegou a comemorar: ‘Bravo! Muito bom! Vamos repetir a cena’. Depois, viram que o assistente estava morto. Meu marido ficou transtornado. Ele dizia em casa: ‘Eu matei! Eu matei!’. Ele começou a beber. Se enterrou. A gente precisou até sair da cidade, porque ele não conseguia se recuperar".
(trecho do livro "A globalização e a morte da cultura regional - os casos de Piedade do Paraopeba e Bofete", produzido durante pós-doutorado, 2009/2014).